Assassinato de Alceu Bueno completa 1 mês e polícia ainda não tem suspeitos
Ex-vereador teve o corpo queimado
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Ex-vereador teve o corpo queimado
Completa nesta sexta-feira (21), um mês do assassinato de maior repercussão ocorrido neste ano em Campo Grande, o do ex-vereador Alceu Bueno, 54 anos, quando seu corpo foi achado queimado num bairro na saída para Cuiabá. A investigação tem sido tocada em sigilo e dependem de laudos que ainda não foram entregues. Segundo a polícia, ao menos vinte pessoas foram ouvidas até agora. Ninguém foi preso ou indiciado pelo crime ainda.
O ex-vereador fora condenado ano passado por exploração sexual infantil e aparece como réu em 23 processos que correm na Justiça de Mato Grosso do Sul.
Num destes processos, Bueno é acusado de participar de esquema criado supostamente para afastar o prefeito da cidade, Alcides Bernal (PP), em março de 2014.
A reportagem apurou que a polícia não descarta a possibilidade de a morte de Bueno ter ligação com as disputas judiciais às quais ele enfrentava.
“Além da questão da exploração sexual, as encrencas políticas, tem um histórico de agiotagem que ex-vereador estaria envolvido, mas isso ainda está sendo investigado. Tem muita coisa sendo investigada, além disso, o crime pode ter sido motivado por alguma questão pessoal forte”, disse um policial sob a condição de manter o nome dele fora da reportagem.
Um mês após a morte do ex-político, a causa de sua morte ainda não foi divulgada. Segundo a Coordenadora Geral de Perícias do Estado, Glória Setsuko Suzuki, o laudo sobre o crime já foi repassado para a polícia e só o delegado responsável pelo caso poderia passar informações sobre o conteúdo dos exames periciais.
Procurado pelo Jornal Midiamax na manhã e tarde desta quinta-feira, o delegado que conduz o caso, Edilson dos Santos Silva, chefe do Garras (Grupo Armado de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros), não atendeu. Pela manhã, ele mandou dizer que agia num depoimento e pediu que em seu lugar falasse Fábio Peró Corrêa Paes, delegado-adjunto do Garras.
Ocorre que o delegado Peró afirmou que o que sabia do caso era por meio “conversas de corredor” e não poderia ajudar na questão. À tarde, o delegado Edilson foi procurado outra vez, mas ele estaria comandando uma diligência.
Mais tarde, através da assessoria de comunicação da Polícia Civil, o delegado Edilson dos Santos informou que mais de 20 pessoas já foram ouvidas durante os 30 dias de investigação e que os trabalhos das equipes ainda dependem de laudos que não foram entregues. “Pela complexidade do caso, um mês ainda é pouco para concluir as investigações”, explicou a assessoria.
CONDENAÇÃO
O ex-vereador Alceu Bueno foi condenado em dezembro do ano passado a oito anos e dois meses de prisão em regime fechado por exploração sexual infantil. Por recorrer, ele permanecia em liberdade.
Bueno foi filmado por garotas em quarto de motel. Desde então, ele foi chantageado e pagado R$ 100 mil para que as imagens vazassem. O ex-vereador procurou a polícia, denunciou a extorsão e o esquema foi investigado. Antes da condenação, Bueno renunciou ao cargo. O ex-deputado estadual Sérgio Assis, também foi sentenciado pelo mesmo crime e pegou pena de seis anos em regime semiaberto.
Já quanto a denúncia de improbidade administrativa, Alceu Bueno foi denunciado por participar de uma esquema supostamente criado para derrubar o prefeito Alcides Bernal. A trama, segundo a acusação, assim funcionava: vereadores receberam dinheiro ou favores, como cargos no serviço público para votar pela cassação do prefeito, que ocorreu por meio de uma CPI.
O CRIME
Bueno foi encontrado na manhã do dia 21 de setembro, carbonizado e com sinais de estrangulamento. Antes mesmo de a perícia confirmar que o corpo era do ex-político, os policiais acharam um celular idêntico ao dele ao lado dos restos mortais e também identificaram pinos de metais no braço do cadáver, iguais aos que o político tinha, como resquício de um acidente de motocicleta. A confirmação só veio no fim da tarde, através das digitais.
Vídeos divulgados pela polícia mostraram dois homens desovando o corpo de Bueno em uma rua do Jardim Veraneio na noite do dia 20 de setembro. Pelas imagens é possível ver os suspeitos conduzindo o veículo do ex-político, uma Land Rover Freelander, retirando a vítima do porta-malas, aparentemente já morta e por fim, ateando fogo.
No dia 23 de setembro, três dias depois do crime, o carro de Alceu foi encontrado incendiado em Ponta Porã, a 313 quilômetros de Campo Grande.
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