Sem ter onde deixar filhos, pais pedem volta de aulas em escola integral

Com quase 40 dias de paralisação, pais pedem fim da greve

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Com quase 40 dias de paralisação, pais pedem fim da greve

Preocupados com o impasse entre a Prefeitura e os professores da Reme (Rede Municipal de Ensino), pais de alunos da Escola Municipal de Tempo Integral Ana Lúcia de Oliveira Batista, localizada na Rua Pinus, no Bairro Paulo Coelho Machado, na região sul de Campo Grande, promoveram uma manifestação na manhã desta sexta-feira (3). O colégio que atende a 520 estudantes, em período integral, teve de suspender as atividades em 7 das 20 turmas e reduzir o atendimento nas outras 13 salas para apenas 4 horas.

As mudanças foram provocadas por conta da paralisação dos professores. A greve teve início no dia 25 de maio. A categoria pede reajuste de 13,01%, no entanto, até o momento não houve acordo com o Município.

Segundo a diretora, Rosângela das Graças Ruas Chelotti, dos 20 professores regentes, 13 permanecem trabalhando e os demais aderiram ao movimento.

A diretora destaca que os pais estão preocupados porque não têm onde deixar as crianças para que possam trabalhar.

“Por se tratar de escola de tempo integral é uma situação um pouco mais complicada para a família porque normalmente os pais contam com esse tempo para poderem se dedicar ao trabalho. Neste momento eles estão tendo de cuidar das crianças. Não recebo nenhuma reclamação sobre a greve e sim quanto a demora para que haja uma solução do problema”, declara.

A presidente da APM (Associação de Pais e Mestres) Valéria Amorim de Souza, de 31 anos,  revela que alguns pais tiveram de deixar seus empregos para se ajustar à situação. “Soube que alguns perderam o emprego porque não tinham com quem deixar os filhos. Sabemos que a escola não é depósito de crianças, mas os pais precisam do lugar para deixar as crianças. A situação está bastante complicada e o prefeito precisa dar um respaldo para a população”, frisa.

Cristiane Pereira, de 42 anos, é mãe de um dos alunos. Ela revela que a renda da família é de um salário mínimo (R$ 788,00) e que perdeu uma oportunidade de emprego porque não tinha com quem deixar o menino. “Arrumei um emprego e tive de deixar de trabalhar para cuidar do meu filho. Perdi a vaga. A greve prejudicou muitos pais, não só a mim. Apoio a greve, mas o problema é a dimensão que isso tomou. O prefeito ter bom senso”, relata.

O mecânico, Hermes de Sá, de 47 anos, é pai de um dos alunos e diz que teve de mudar o horário de trabalho. “Eu trabalhava durante o dia e tive de mudar meu horário para a noite para cuidar do meu filho e para que minha mulher pudesse trabalhar, caso contrário ela teria de deixar o emprego. Essa greve tem de acabar. O prefeito precisa olhar para a população”, enfatiza.

A dona de casa, Maria de Lourdes, de 44 anos, afirma que o filho está tendo aula parcial e que a mudança é preocupante. “É muito complicado porque meu filho está tendo aula parcial. Estão com poucas atividades, estão oferecendo apenas o básico. Preocupo-me com a forma como farão depois para que possam aprender tudo. Apoio a greve, mas penso que as crianças que têm dificuldade não vão conseguir acompanhar depois”, observa.

A manifestação também recebeu apoio de pais que têm filhos que estudam em outras escolas. A dona de casa, Alcione Macedo de 35 anos, que 4 filhos, três deles matriculados na Escola Municipal Professora Lenita de Sena Nachif, no Jardim Centro Oeste. Ela diz que todos os dias precisa ir ao local para saber se as crianças terão ou não aula.

“É complicado porque todos os dias preciso ir à escola para saber se eles terão aula porque ninguém avisa. É muito dificultoso. Isso é um absurdo”, desabafa. Além da manifestação na frente da escola, os pais também realizam passeata pelo bairro e em seguida um buzinaço na Avenida dos Cafezais. O intuito do protesto é chamar a atenção da sociedade e do poder público para o impasse entre professores e a Prefeitura da Capital.

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Onça Miranda