Foram abertas mais 2.990 vagas em 36 municípios do interior

O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, criticou duramente a decisão dos ministérios da Saúde e da Educação de criar mais 2.290 vagas em cursos de medicina na rede privada de ensino, em 36 municípios do interior do país. Segundo Vital, a abertura descontrolada de novas vagas coloca em risco a formação dos profissionais, em detrimento da qualidade do ensino.

Conforme o presidente, atualmente no Brasil tem 256 cursos de medicina e a criação de mais vagas não vai solucionar o problema de saúde do país. “É fundamental compreender que essa interferência autoritária nos processos de ensino e formação médica não resolve a crise da assistência à Saúde e de que a persistência desses equívocos resultará em danos irreparáveis à sociedade, ao prestígio da medicina e ao bom conceito daqueles que a exercem”, alertou o presidente.

Para Vital, cursos sem preparação necessária formam profissionais despreparados, e em vez de resolver aumentam os problemas da saúde pública. “ignora-se o impacto desse processo na segurança do paciente e no ético desempenho da medicina, surgindo um círculo vicioso, onde alunos mal preparados serão médicos e educadores com pouca formação e limitações inaceitáveis no exercício das suas especialidades”.

O presidente pede que em vez de incentivar e alavancar a expansão de novos cursos, o governo assuma a responsabilidade de oferecer condições de trabalho, equipe multiprofissional, rede de referência e contrarreferência, possibilidade de progressão funcional e de acesso a cursos de educação continuada.

Novas vagas

Os ministros da Educação, Renato Janine Ribeiro, e da Saúde, Arthur Chioro, anunciaram nesta sexta-feira, 10, o resultado do primeiro edital para a abertura de vagas de cursos de graduação de medicina em instituições privadas de ensino superior no âmbito do Programa Mais Médicos para o Brasil. Nesta seleção foi autorizada a criação de 2.290 vagas em cursos de medicina em 36 municípios.

As novas vagas foram oferecidas em 39 municípios, que deveriam cumprir os seguintes requisitos: ter mais de 70 mil habitantes e não ser capital de unidade da Federação; no mínimo cinco leitos do Sistema Único de Saúde (SUS) por aluno; no mínimo três alunos por equipe de atenção básica; leitos de urgência e emergência ou pronto-socorro; oferecer residências médicas nas especialidades prioritárias do Programa Mais Médicos. As novas vagas fazem parte da estratégia de longo prazo do governo federal para oferecer 11.447 novas vagas de cursos de graduação em medicina até 2018.