Mãe morre três dias após parto normal e família suspeita de erro médico

Familiares dizem que exame mostra que paciente estava com resto de placenta

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Familiares dizem que exame mostra que paciente estava com resto de placenta

A jovem Ana Carolina da Silva Martins, de 21 anos, morreu três dias após dar à luz uma menina, na Maternidade Cândido Mariano. O parto normal foi realizado no dia 15 de março. Os familiares dizem acreditar que a jovem tenha sido vítima de erro médico e afirmam que ela estava com restos de placenta no corpo.

Segundo o marido de Ana Carolina, Wellinton Bogado, de 24 anos, a esposa recebeu alta médica da maternidade, dois dias após o parto. Ele afirma que ela estava bastante pálida e logo depois começou a reclamar de dores e queda de pressão. Em virtude dos sintomas, ela foi levada para o Hospital da Mulher, na Vila Moreninha III [local que atualmente passa por reformas] e posteriormente encaminhada pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para a Santa Casa.

“Ela estava muito pálida, sem nenhuma cor nos lábios. Ainda cheguei a perguntar como que a maternidade tinha dado alta com ela naquele estado. No hospital na Moreninha começou a piorar, ninguém sabia o que ela tinha. Chamaram Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência] e disseram que precisava ser levada para a Santa Casa”, relata.

Depois de ser transferida, a jovem foi medicada, no entanto, não apresentava melhoras. “O médico disse que suspeitava de embolia pulmonar, mas depois de alguns exames isso foi descartado. Fiquei com ela no hospital, o médico disse que ela estava estável fui para casa por volta das 4 horas e às 7h40, quando voltei, recebi a notícia de que ela teve oito paradas cardiorrespiratórias e não resistiu”, recorda.

Welliton disse que a esposa passou por vários exames e que na justificativa de um ultrassom transvaginal, foi questionado sobre “restos placentários”, o que fez com que a família desconfiasse de que a placenta não tivesse sido totalmente retirada durante o parto. De acordo com o marido da jovem, ele foi orientado pelo presidente da Avem (Associação das Vítimas de Erros Médicos de Mato Grosso do Sul), Valdemar Morais de Souza, a solicitar o prontuário da maternidade que até o momento não foi entregue.

“Eu quero saber o que aconteceu, o que causou a morte dela porque isso não pode acontecer de novo. Deixar restos de placentas dentro de uma mãe é inadmissível. Ela era jovem e tinha um caminho todo pela frente, mas não está mais viva por causa de erro médico e negligência. Vou entrar na Justiça para que isso não aconteça com outras pessoas”, ressalta.

O casal tem outra filha de 3 anos. Convivia havia seis anos e planejava comprar uma casa e um carro para a família. “Graças a Deus tenho apoio da família que é muito unida. Estou tocando a vida, voltei a trabalhar para ocupar a minha cabeça, mas a saudade e a dor eu nunca vou esquecer. Ela poderia estar comigo acompanhando o crescimento das nossas filhas”, lamenta.

Em nota divulgada pela Santa Casa, o hospital afirma que na declaração de óbito, dada por meio de necropsia, consta que a paciente sofreu: “Choque, necrose tubular aguda (insuficiência renal aguda), necrose hipofisária (complicação ocorrida durante a gestação, ocasionada pela perda de sangue. O risco dessa hemorragia aumenta em casos de gestação múltipla e em problemas com a placenta), e cardiomegalia (aumento no tamanho do coração, que geralmente acontece em consequência de doenças como hipertensão arterial ou doenças coronárias)”.

Segundo o presidente da Avem, o caso deve ser levado ao MPE (Ministério Público Federal). Na última quinta-feira (7), a equipe de reportagem do Jornal Midiamax entrou em contato com a administração da Maternidade Cândido Mariano, para saber o posicionamento do hospital a respeito do caso, mas até o momento não obteve resposta.

Conteúdos relacionados