Setor está fechado há 8 anos e MPF exige reabertura desde 2012

O HU/UFMS (Hospital Universitário da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) pretende reabrir o setor de radioterapia em fevereiro, mas nem começou as obras para receber o aparelho acelerador linear, cedido pelo Ministério da Saúde.

O setor está fechado há oito anos e desde 2012 o MPF (Ministério Público Federal) pede a reabertura. Questionado, o hospital afirmou que atenderá a recomendação e que o setor será reaberto em fevereiro. Porém, o Ministério da Saúde declarou que só entregará o aparelho após a conclusão das obras.

O HU não soube dizer quando começam as obras e informou que no início do ano será aberto o serviço ambulatorial para aos poucos liberar a parte cirúrgica e depois a radioterapia. O hospital relatou  estar em “tratativas” para liberar o aparelho. O Ministério da Saúde nega.

Faz tempo

Já faz três anos que o MPF pede ao HU a reabertura do setor de radioterapia. Na ocasião, o MPF ajuizou ação para que o hospital seja obrigado a aceitar investimentos federais em equipamentos e serviços de radioterapia, essenciais para o tratamento de câncer.

O HU estava em primeiro na lista de prioridades no estado para receber os recursos do Ministério da Saúde, dentro do Plano de Expansão da Radioterapia no Serviço Único da Saúde, mas pediu sua exclusão.

O MPF pediu então concessão de liminar judicial para que haja imediata adesão do hospital ao plano do governo federal. O HU deve ainda adotar todas as medidas para receber e manter em funcionamento os equipamentos de radioterapia, inclusive contratando os profissionais necessários. A investigação culminou na em 2013, quando a CGU (Controladoria Geral da União) pediu a exoneração de oito servidores por corrupção, o que não aconteceu. Desde então, a alegação do hospital era de falta de pessoal.

Concurso aberto no início deste mês para vagas no HU traz apenas uma vaga para o setor de radioterapia, para médico de cancerologia clínica, com salário de R$ 7.425,31. Perguntado, o hospital disse que já existem cinco profissionais do setor no hospital e que será atendida a recomendação do MPF, com a reabertura do setor de radioterapia em fevereiro de 2016.

Monopólio privado no tratamento de câncer em MS

Investigação do MPF constatou que o médico Adalberto Abrão Siufi, sócio-proprietário da clínica, chefe do serviço de oncologia do HU e supervisor do Programa de Residência Médica em Cancerologia Cirúrgica da UFMS, ainda participa ativamente da direção do Hospital do Câncer e era, até pouco tempo, também responsável técnico pelo setor de cirurgia oncológica (combate ao câncer) da Santa Casa.

A investigação comprovou que Siufi atuou para desativar e assim manter o serviço de radioterapia do HU/UFMS e é o principal beneficiado pela situação, decorrente “do sombrio movimento de longa data fundado exclusivamente em interesses econômicos privados para sucateamento do Hospital Universitário e encerramento das atividades de diagnóstico e tratamento de câncer e, em especial, dos serviços de radioterapia”.