‘Confundi mesmo’: trânsito e fuso horário mantêm ‘tradição’ dos atrasados do Enem

Primeira dos últimos, candidata ficou brava e foi embora sem dar entrevista

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Primeira dos últimos, candidata ficou brava e foi embora sem dar entrevista

Os portões dos locais de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) fecharam pontualmente ao meio-dia deste sábado (24) e, como já é ‘tradição’, muitas pessoas perderam a prova por questão de minutos. Para alguns, o problema foi congestionamento, e, para outros, o fuso horário atrapalhou. No comprovante de inscrição consta a hora oficial de Brasília, o que acabou confundindo candidatos. Nos momentos finais, foi grande a correria de quem chegava nos últimos momentos em que o portão ainda estava aberto. 

Na Rua Ceará, muitos dos candidatos que estavam de carona preferiram descer do veículo e caminhar ou correr para chegar na universidade Uniderp, um dos locais de prova. O percurso de menos de um quilômetro, entre a rotatória e a universidade, demorava quase dez minutos de carro. Logo após ao meio-dia, começaram a chegar os atrasados. 

A primeira candidata que chegou atrasada ficou muito abalada e nem quis dar entrevista. Elaine Rachel também foi uma das candidatas que chegou atrasada por causa do horário. “Já fechou?”, perguntava. Ela diz ter achado que os portões fechariam às 13 horas. “Eu confundi mesmo”.

Outro estudante, questionado às 12h20 se tinha perdido a prova, disse que não, que estava aguardando o portão abrir. Indagado se tinha certeza, foi conferir o comprovante e descobriu que era horário de Brasília. “Então perdi”, lamentou. 

Juliana Degarti, de 18 anos, diz que foi do Bairro Maria Aparecida Pedrossian até a Uniderp, a maior parte do caminho,  a pé. “Uma amiga me deu carona até a metade do caminho, mas ela tinha que fazer a prova em outro lugar. Eu estava sozinha em casa e não sabia os horários dos ônibus no sábado”. 

A entrada da universidade atrapalhou José Anderson, que chegou no portão certo dois minutos atrasado. Uma estudante de medicina veterinária, que preferiu não se identificar, perdeu a prova por vir a pé. “Eu estava no trabalho, perto do Parque dos Poderes e vim andando. Mas eu já faço faculdade. Ainda vou ver se venho amanhã”. 

Ambulantes e acadêmicos de outras universidades, que aproveitaram para vender produtos e angariar fundos para formatura, disputaram no grito as vendas de canetas, água e barrinhas de chocolate. Os acadêmicos diziam que os produtos deles vinham com sorte de quem já passou pelo Enem. Teve até ambulante prometendo água com o gabarito, na brincadeira. Já os funcionários da própria universidade aproveitaram para abordar os atrasado para preencher o formulário do vestibular da instituição. 

Prevenidos

Nem todos deixaram para última hora. Muitos candidatos preferiram não arriscar e chegaram com várias horas de antecedência. Aos 17 anos, Isaque Montovani diz que já fez a prova do Enem em outros anos para treinar e que agora, pretende entrar no curso de direito. Ele se preparou bastante para a prova e inclusive, estudou na véspera. “Desde o começo do ano eu estou fazendo preparatório, vendo videoaulas no Youtube sobre vários temas”. Como não conhecia o local de prova, ele também preferiu chegar cedo. 

A servidora pública Maria Aparecida Ramos foi de ônibus até o local da prova, por isso, preferiu chegar cedo para não correr risco de perder a prova. “Foi o medo de fica de fora e ficar gritando no portão. É melhor chegar cedo”. Aos 60 anos, ela diz que pretende terminar a universidade que começou na década de 1980. “Comecei a faculdade, mas aí tem filho e vai deixando para mais tarde, esperando eles se formarem. Agora já está tudo criado, vou tentar de novo”.  Maria Aparecida vai esperar a nota e está entre os cursos de biologia e direito. “Depende da média”, diz.

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