Erro na manipulação de medicamento causou mortes

Dois médicos, duas enfermeiras e um farmacêutico foram denunciados pelo MPE (Ministério Público Estadual) pelas mortes no setor de da Santa Casa ocorridas em julho de 2014. Os acusados têm até o dia 29 deste mês para apresentar resposta.

Responderão por homicídio culposo os médicos José Maria Ascenço, de 61 anos, e seu filho Henrique Guesser Ascenço, de 34 anos, as enfermeiras Rita de Cassia Junqueira Godinho Cunha, de 50 anos, e Giovana de Carvalho Penteado, de 29 anos, e o farmacêutico Raphael Castro Fernandes, de 32 anos. Os cinco são acusados de lesão corporal grave, falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão de farmacêutico.

A investigação

A Polícia Civil começou a apurar o caso depois de Carmen Insfran Bernard, 48 anos, Norotilde de Araujo Greco, 71 anos, Maria Gloria Guimarães, 61 anos e Margarida Isabel de Oliveira, de 71 anos, morrerem por conta de reações adversas à medicamento dado no Setor de Oncologia da Santa Casa de entre 23 a 27 de junho de 2014. Carmen, Norotilde e Maria morreram respectivamente dia 10, 11 e 12 de julho. Margarida, que foi transferida depois das reações, morreu em janeiro deste ano.

Erro atrás de erro

Após a investigação, o MPE concluiu que uma sucessão de erros causou a morte das vítimas. O responsável por manipular os medicamentos, o farmacêutico Raphael, era inexperiente na área de manipulação e trocou Fluroruracil por Metotrexate causando reações adversas graves nas vítimas.

Raphael, que foi contratado por José, recebia treinamentos de Giovana, que não era farmacêutica e sim enfermeira. Ela costumava manipular os medicamentos sem supervisão, outro erro. A enfermeira Rita registrou a manipulação de medicamentos em ata mesmo sem ter sido ela quem o fez. E  o médico Henrique, responsável pelo setor atestou os óbitos sem encaminhá-los para exames e não informou a Anvisa sobre as reações adversas aos remédios.

Indiciamentos

O médico José Ascenço responderá por lesão corporal grave por perigo de vida, pois diante de todas as irregularidades assumiu todos os riscos, além de contratar profissional inexperiente (Raphael) e autorizar a enfermeira Giovana a exercer função de farmacêutico.

O médico Henrique Ascenço por lesão corporal grave por perigo de vida por ser o responsável técnico medico do setor, conhecer todas irregularidades e atestar os óbitos sem encaminhar para exames e não comunicar a Anvisa sobre as reações adversas dos medicamentos.

A enfermeira Giovana Penteado responderá pelo exercício ilegal da profissão de farmacêutico, já que desrespeitou os limites de suas atribuições profissionais: enfermeira treinando farmacêutico.

A enfermeira Rita Junqueira responderá por falsidade ideológica por assinar no registro como se ela tivesse manipulado os medicamentos.

O farmacêutico Raphael responderá por lesão corporal grave por perigo de vida, já que falhou tecnicamente na manipulação, trocando os medicamentos e causando reações adversas graves nas vítimas, além de descumprir totalmente os procedimentos de um farmacêutico.