Deputados divergiram sobre vídeo ser considerado evidência de orquestração

 

A apresentação de um vídeo que mostra a apreensão de equipamentos de um jornalista do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) por um delegado durante reintegração de posse em 2013 causou alvoroço entre oposicionistas e participantes da sessão desta terça-feira (20) da CPI do Cimi, na Assembleia Legislativa. Isso porque o vídeo foi apresentado como uma suposta prova de orquestração de invasões de terras.

O vídeo – que conta com edições consideráveis e até trilha sonora – trouxe um depoimento de Flávio Vicente Machado, coordenador regional do Cimi no Estado, e imagens da apreensão de equipamentos de um jornalista da entidade, feita pelo delegado federal Alcídio de Souza Araújo. A produção foi apresentado durante o depoimento de Jussimara Barbosa Bacha, esposa do ex-deputado estadual e proprietário da Fazenda Buriti (em Sidrolândia), Ricardo Bacha, que também será ouvido nesta terça-feira.

Na oitiva, Jussimara destacou mudanças ‘substanciais’ na relação inicialmente amistosa entre ela e os indígenas que moravam nas imediações da Fazenda Buriti, a partir de 1993, quando os primeiros boatos de invasão surgiram.

A situação piorou quando, em 1998, ela ouviu dizer que o então governador Zeca do PT prometeu as terras para os indígenas. Jussimara afirmou, ainda, que durante uma das ameaças de invasão, em 2000, o cacique de uma tribo coordenou as ações segurando a mão dela – de acordo com Jussimara, isso deu a entender que as invasões foram motivadas por ‘pressões externas’.

O vídeo polêmico foi apresentado logo após o deputado Pedro Kemp (PT) questionar Jussimara se ela tinha alguma prova efetiva de que o Cimi estaria incitando invasões de terras no Estado. Após a exibição, o deputado repetiu a pergunta e a depoente afirmou que, para ela, o vídeo era uma evidência.

Membro da CPI, o deputado Onevan de Matos (PSDB) destacou que o vídeo era uma prova irrefutável de que o Cimi comandava as invasões de terras feitas por indígenas no Estado e pediu a inclusão evidência na CPI. A presidente da comissão, deputada Mara Caseiro, concordou com Matos.

Na sequência, Kemp pediu cautela aos colegas nas “conclusões precipitadas”, e afirmou ter conhecimento de que, na época, os jornalistas do Cimi estiveram presentes por conta do temor de que acontecessem excessos na reintegração de posse, ocorrida em 2013. Ele destacou, também, que a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar a questão, ainda inconcluso.

Convocação

O delegado que coordenou a reintegração de posse da Fazenda Buriti em 2013 será convocado para prestar depoimento na CPI. O então coordenador regional do Cimi em MS, Flávio Vicente Machado, também teve o nome citado para oitiva pelo deputado Paulo Correia, relator da comissão. Segundo correia, durante o fato em 2013, há relatos de que os indígenas estavam com “traje de guerrilha” e “excessivamete treinados”.