Teste identifica excesso de substância causadora de câncer nas pulseiras

Pulseiras usadas e fabricadas por jovens, entre 10 e 13 anos, que virou febre em Campo Grande, podem desenvolver câncer por conter alta incidência da substância ftalatos (comum em plásticos e elásticos), segundo um teste realizado na Europa. Na Capital, elas podem ser compradas, tanto em lojas credenciadas quanto nos camelôs e bancas de jornais, por apenas R$ 5.

De acordo com a Portaria 369/2007, que regula o uso do ftalatos, o limite máximo desta substância é de 0,1%, todavia, o teste feito pelos europeus detectou, em algumas pulseiras analisadas, 40% de ftalatos.

Desta forma, o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade Sênior) recomenda que os pais não comprem o material do comércio informal, já que, possivelmente, não tenha passado por testes.

Assim, de acordo com o Inmetro, é preciso verificar se o produto contém o selo da instituição, o famoso “selo do Inmetro”.

A vendedora Vanessa Zanuncio, que tem uma filha de 10 anos que usa grande quantidade das pulseiras, diz que não sabia dos riscos cancerígenos. “Agora que fiquei sabendo vou tomar cuidado. Vou exigir que ela só compre material com o selo do Inmetro”, ressalta.

A filha de Vanessa, além de usar as pulseiras, também as vende na escola. “Ela usa umas dez no braço e também faz suas próprias pulseirinhas. Ela me disse que vende por R$ 2 para as amigas”, diz.

A professora Thais Lima Nogueira, de 37 anos, que também possui uma filha que usa e fabrica as pulseiras, afirma que ficou sabendo esta semana sobre os riscos para a saúde. “Vou sentar e conversar com minha filha, pois fiquei com medo. A nossa sorte foi que comprei em uma loja credenciada, contudo, não reparei se tinha o selo de qualidade”, conta.

O que dizem os médicos?

O doutor Sandro Trindade Benitez, do Centro de Intoxicação Pediátrico, confirma que o risco cancerígeno, realmente, existe, porém, o médico o minimiza.

“Acho que o para um jovem desenvolver um câncer, deve ser com o uso prolongado. Aquelas pessoas que trabalham com agrotóxicos, por exemplo, desenvolvem depois de trabalharem 10, 20 ou 30 anos. Em minha opinião, o risco maior é ingerir essas pulseiras ou colocá-las na boca”, alerta.

Para Benitez, como o uso das pulseiras é uma moda, logo vai passar. “Toda moda é passageira. Daqui um ano ou mais ninguém mais vai usar isso. Assim os riscos para saúde diminuem ainda mais”, explica.

Por fim, a gastropediatra Amanda Ferrari, da mesma forma, diz que é preciso impor alguns limites e não deixar as meninas engolirem as pulseiras. “É preciso ficar de olho nessas crianças e impor regras”.