Conjuntos habitacionais construídos no Norte da cidade sugeriam uma nova vida, mas virou pesadelo principal aos pais que precisam caminhar até quatro quilômetros atrás de um atendimento médico; foto mostra frente do posto de saúde cercado por esgoto
Vida Nova I, Vida Nova II e Vida Nova III. Estes são os nomes de três bairros localizados na região norte de Campo Grande, onde os moradores dizem que se mudaram pensando que realmente passariam a ter uma nova vida numa localidade com estruturas básicas, porém em pleno funcionamento como, por exemplo, serviços de saúde e rede coletora de esgoto.
O fato é que a realidade dos moradores tem sido outra, principalmente no que diz respeito ao atendimento na área de saúde. A Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Aquino Dias Bezerra está sem atendimento de inalação, justamente no período do ano em que a umidade relativa do ar está bastante crítica. Os pais que precisam socorrer as crianças, principais vítimas do tempo seco, precisam procurar atendimento na unidade de saúde do bairro São Francisco, que fica a aproximadamente quatro quilômetros dos três bairros. Outra opção é a unidade Nova Bahia, que a aproximadamente três quilômetros.
A Moradora Maria Nazaré deu á luz uma menina há aproximadamente 12 dias. Ela denuncia que na unidade de saúde do Vida Nova III também não estão disponíveis vacinas para crianças com até um mês de vida, conforme orienta o Ministério da Saúde. “Fui levar minha filha pra vacinar e me disseram que não tinha como”. A dona de casa também revela que uma outra moradora que faz tratamento de quimioterapia e outras pessoas como doenças como diabetes e hipertensão não encontram os remédios que precisam. Por conta disto vão até a unidade Nova Bahia.
Além de atender os três bairros Vida Nova, a Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Aquino Dias Bezerra também é responsável pelos moradores do Tarsila do Amaral, Anache, Aldeia Água Branca e futuramente a população de um novo conjunto habitacional popular que está em fase de conclusão. No local só não falta dipirona e paracetamol, diz um morador que prefere não se identificar.
A preocupação com a área de saúde vai além dos muros da UBSF. Em quase todas as ruas o esgoto corre a céu aberto e acumula, principalmente nas esquinas. O mau cheiro acaba aumentando com as altas temperaturas registradas nos últimos dias.
O presidente dos bairros Vida Nova, Wildes dos Santos reforça que há precariedade no atendimento na área de saúde. Sua reclamação é sobre a falta de rede coletora de esgoto, que também é questão de saúde pública. “Os governantes dizem em certas mídias que está tudo bem, mas como você pode ver nós estamos bem carentes nesta área. De nada adianta um asfalto sem rede coletora de esgoto”, diz.
Captação
Outra reclamação dos moradores da região do Vida Nova I, II e III, diz respeito a construção de bocas de lobo que estão em processo de construção para captação da água da chuva. Eles temem que já na primeira chuva, prevista para os próximos dias, a estrutura não suporte, pois já foram finalizadas com rachaduras e entupidas com restas de construção, como pedaços de tijolos e blocos de concreto.
No Vida Nova I e II o asfalto já foi concluído há um bom tempo, mas lá não foram construídas bocas de lobo. A água da chuva acaba escorrendo com muita força em direção ao Vida Nova I, que fica num local mais baixo. “Vai estourar tudo porque não vão agüentar a força da água, sem contar que já estão entupidas, diz Wildes dos Santos.
Esgoto
A assessoria de imprensa da empresa Águas Guariroba confirmou que realmente nos bairros Vida Nova I, II e III não existe rede coletora para captação de esgoto. Adianta que no próximo dia 1º, quarta-feira, será divulgado um programa para ampliação da rede na Capital, porém apenas a diretoria tem a lista de quais serão os próximos bairros contemplados.
O dado preocupante, ainda de acordo com a assessoria, é que muitas pessoas possuem rede coletora de esgoto e se recusam a conectar. A taxa de esgoto é calculada com base no consumo de água, onde 70% do valor do consumo são para o referido serviço.
Saúde
A assessoria de imprensa da prefeitura de Campo Grande afirma que apenas o xarope histamin e soro fisiológico estão faltando na farmácia da unidade de saúde. A previsão é que os medicamentos estejam disponíveis amanhã. A falta dos dois itens é justificada pelo poder público como fator decorrente do aumento da demanda, devido ao tempo seco.
Sobre o serviço de inalação, assessoria diz que o equipamento ficou quebrado por um dia, mas que já foi consertado. O serviço de vacinação não está funcionando e, sequer, existem geladeiras para guardar as ampolas.