Você já percebeu o surgimento de manchas escuras no rosto, especialmente nas bochechas, testa ou buço? Se sim, você não está sozinha. O melasma, uma condição dermatológica crônica caracterizada pelo escurecimento da pele, tem se tornado cada vez mais comum, principalmente entre mulheres brasileiras. Embora não represente risco à saúde física, as manchas mexem profundamente com a autoestima — e não faltam dúvidas, mitos e desinformação sobre suas causas e tratamentos.
Segundo dermatologistas, o melasma não tem cura, mas pode ser controlado com disciplina e acompanhamento profissional. O que muitos não sabem é que fatores como o calor, a luz visível e até o estresse podem desencadear ou agravar o quadro — e não apenas a exposição solar direta, como muita gente pensa.
O que é o melasma?
O melasma é um distúrbio de hiperpigmentação da pele causado por uma produção excessiva de melanina — o pigmento natural que dá cor à pele. Ele costuma aparecer no rosto, especialmente nas regiões expostas à luz, mas também pode surgir no colo e nos braços. A condição é mais frequente em mulheres entre 25 e 50 anos, principalmente em quem tem pele morena a negra (fototipos médios e altos).
Apesar de ainda haver lacunas na compreensão científica do melasma, sabe-se que há uma forte influência hormonal, por isso a condição também é comum durante a gravidez, no uso de anticoncepcionais e na reposição hormonal.
Muito além do sol
Se engana quem acha que apenas o sol é o vilão. O calor, de forma geral, também estimula a pigmentação — ou seja, até o vapor da panela quente ou o uso constante de secador de cabelo próximo ao rosto pode ser um gatilho.
Outro fator importante é a exposição à luz visível, presente em lâmpadas artificiais, computadores, celulares e até no próprio ambiente de casa. Essa luz também pode ativar os melanócitos (células produtoras de melanina), favorecendo o surgimento ou escurecimento das manchas.
Além disso, o estresse oxidativo (causado por fatores emocionais e ambientais) tem sido apontado como um componente importante na inflamação crônica envolvida no melasma.
O impacto emocional
Apesar de ser uma condição dermatológica benigna, o melasma tem grande impacto na qualidade de vida. Muitas pessoas relatam queda na autoestima, insegurança e dificuldade de socialização. Em um cenário cada vez mais dominado por filtros e idealizações de beleza, lidar com manchas visíveis no rosto pode ser desafiador.
O que realmente funciona no tratamento?
Não existe uma receita universal. O tratamento ideal depende do grau de profundidade das manchas, do histórico do paciente e da resposta ao longo do tempo. No entanto, algumas estratégias têm se mostrado eficazes:
1. Fotoproteção rigorosa
O protetor solar deve ser usado todos os dias, inclusive dentro de casa. O ideal é optar por filtros com cor (que protegem contra a luz visível) e aplicar novamente a cada 3 horas. Suplementos antioxidantes orais também podem ser aliados.
2. Clareadores tópicos
O uso de ácidos e substâncias despigmentantes — como ácido kójico, ácido tranexâmico, niacinamida, arbutin ou hidroquinona (com prescrição) — ajuda a inibir a produção de melanina. É fundamental seguir a recomendação médica para evitar reações adversas.
3. Tratamentos estéticos
Procedimentos como peelings químicos, microagulhamento, laser fracionado e drug delivery (aplicação de ativos diretamente na pele após microperfurações) têm se mostrado eficazes, desde que feitos por profissionais habilitados.
4. Mudanças no estilo de vida
Evitar exposição ao calor intenso, controlar o estresse e manter a saúde intestinal também têm relevância no controle do melasma, segundo estudos recentes.
O que evitar
Receitas caseiras que prometem clarear a pele com limão, bicarbonato ou pasta de dente são extremamente perigosas e podem causar queimaduras, manchas permanentes ou até infecções. Produtos sem registro na Anvisa ou vendidos em redes sociais também representam riscos sérios à saúde.
Novas pesquisas no horizonte
Nos últimos anos, a dermatologia tem avançado no entendimento do melasma como uma condição inflamatória e vascular, não apenas pigmentária. Isso abre caminhos para novos tratamentos, com foco em antioxidantes, anti-inflamatórios tópicos e orais, e até terapias combinadas.
Além disso, há estudos em andamento sobre o papel da microbiota da pele e da barreira cutânea como fatores que influenciam a evolução do melasma — o que pode transformar a abordagem médica nos próximos anos.
Em resumo:
- O melasma é uma condição comum e crônica, sem cura definitiva, mas com controle possível;
- Fatores como calor, luz visível, hormônios e estresse contribuem para seu surgimento;
- Protetor solar com cor e clareadores tópicos são essenciais no tratamento;
- Procedimentos estéticos devem ser feitos com cautela e orientação médica;
- A automedicação e o uso de receitas caseiras devem ser evitados.
Se você convive com melasma, lembre-se: o acompanhamento com um dermatologista é o caminho mais seguro para controlar a condição sem colocar sua saúde em risco. Informação, paciência e cuidado diário são os maiores aliados no combate às manchas.