Encerrando sua participação na Coluna Prestes, onde se destacou com um dos mais bravos comandantes, o coronel Siqueira Campos, parte para o exílio, acompanhado por 65 homens. Sua entrada no Paraguai dá-se por Bela Vista, em 24 de março de 1927. Na república vizinha, entrega o armamento do destacamento ao chefe de polícia, dom Rafael Alvarenga. São 20 fuzis Mauser e mil tiros de fuzil, além de 22 cavalos, expropriados de diversos fazendeiros brasileiros “que foram entregues à mesma autoridade”.
Para Glauco Carneiro, “alguns dos revolucionários preferiram ficar trabalhando em sítios da fronteira, enquanto outros quiseram aventurar-se até os grandes centros como Rio e São Paulo. Siqueira achou de bom alvitre comandar os restantes para o exílio e ali se juntar aos chefes da Coluna para o prosseguimento das atividades conspiratórias, visando à grande revolução, que afinal viria em 1930″.¹
De ampla reportagem sobre a entrada de Siqueira Campos no Paraguai, o jornal “O Progresso”, de Dourados, destaca a presença do líder revolucionário em Bela Vista:
“Atravessando Victorino, reuniu seus homens e disse-lhes que iriam para o Paraguai, passando a fronteira junto a Bela Vista, e que não dariam um tiro durante a travessia.
No dia 21 de março, Siqueira chegou à fazenda Gabinete, tendo feito, sem descansar, uma marcha de 29 léguas.
A 22 desceu a serra de Maracaju; a 23 avizinhou-se de Bela Vista.
Chegando à noite à margem do Apa, as águas deste rio assoberbavam. A chuva era intensíssima. Contudo, a travessia foi feita, com sério perigo da vida do comandante que perdeu nessa ocasião o cavalo que montava, com o arquivo da revolução.
Algumas armas também foram ao fundo.
Atingida a fronteira, Siqueira dirigiu uma carta ao comandante da guarnição paraguaia de Bella Vista, pedindo-lhe para mandar receber as armas e munições.
O tenente Alvarenga – o comandante – teve a gentileza de mandar convidar Siqueira Campos a entrar na povoação com as suas armas, depositando ali.
Siqueira tem palavras de louvor à maneira cavalheirosa e gentil por que foi tratado pela autoridade do país vizinho, que o cumulou de todas as atenções.
O sr. Heitor Dias, chefe geral da fronteira paraguaia, que dia 25 chegara a Bella Vista, ido daqui, extremou-se em cuidados e providências quanto aos revolucionários brasileiros, tratando-os com especial consideração”.²
O grosso da coluna desfeita deixou o território brasileiro pela Bolívia, sob o comando de Luis Carlos Prestes.
FONTE: Glauco Carneiro, ¹O revolucionário Siqueira Campos, Record Editora, Rio, 1966, página 399. ²O Progresso (Ponta Porã), 3 de abril de 1927.
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