Encerrada oficialmente a retirada da Laguna, o tenente Taunay deixa o Porto Canuto, à margem esquerda do rio Aquidauana com destino ao Rio de Janeiro:
Parti do acampamento do Canuto, junto à margem esquerda do rio Aquidauana, às dez horas da manhã de 17 de junho de 1867. Para me servir de companheiro e vaqueano na transposição do despovoado e dilatadissimo planalto de Camapuã, comigo vinha o tenente do corpo policial de São Paulo, João do Prado Mineiro, e acompanhavam-nos o oficial mecânico Wandervoert, belga de nascimento, que acabara o seu tempo de contrato como contramestre das forças da artilharia La Hitte e na terrível retirada havia dado provas de não pouco valor, e mais três soldados de infantaria, além do meu camarada Jatobá, retinto e lustroso como jacarandá envernizado, beiçudo, metido a gaiato, bom diabo, embora bastante preguiçoso em mexer nos pousos o corpanzil, mas andarilho a valer, sempre alegre em todo o caso.
Dois magros cargueiros levavam numas bruacas velhas muito sacudidas, de tão vazias, os parcos mantimentos – carne seca, feijão, arroz, farinha, um pouco de toicinho e mais uma raçãozinha de sal, necessários para alcançarmos a vila de Santana do Paranaíba, à entrada da região efetivamente habitada, uma vez atravessadas as vastas solidões interpostas.
Montava eu a minha alta e vistosa besta rosilha, bom animal, ainda que já precisando de descanso, e que me custara quatrocentos mil réis; o João Mineiro, cavalo agreste mais resistente e menos mau, apanhado não sei onde, o belga um burrinho manhoso e empacador. Os camaradas seguiam a pé.
FONTE: Taunay, Memórias, Edições Melhoramentos, SP, 1946, página 258.
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