Em sua viagem de volta ao Rio, após a retirada da Laguna, o tenente Taunay e sua pequena comitiva, que deixaram o porto Canuto, à margem esquerda do Aquidauana, no dia 17 de junho, alcançam o sítio de Camapuã, em 25 de junho de 1867:
Rapidamente transpusemos as três léguas que separam o Sanguesuga das ruínas de Camapuã e ao meio-dia avistamos os restos, para assim dizer, imponentes daquela importante fazenda, sede outrora de muito movimento, de todo os que se davam por aqueles sertões. Ainda se vêem vestígios de grande casa de sobrado e de uma igreja não pequena; taperas rodeadas de matagais, no meio dos quais surgem laranjeiras e árvores frutíferas, que procuram resistir à invasão do mato e ainda ostentam frutos, como que atraindo o homem, cujo auxílio em vão esperam. Naquelas três léguas aparecem sinais de trabalhos consideráveis: estradas de rodagem atiradas por sobre colinas, caminhos roídos pelas águas, onde transitavam grandes procissões de carros a trabalharem na penosa varação, até o ribeirão Camapuã, dos gêneros e canoas que demandavam o Coxim e Taquari, com destino a Cuiabá. A companhia formada por três pessoas, desunidas na associação somente pela morte, manteve-se mais ou menos florescente até os princípios do século presente, existindo ainda escravatura numerosa às ordens do último administrador, Arruda Botelho, depois de cujo falecimento ficou o lugar abandonado ou tão somente habitado por negros e mulatos livres, ou libertados pelo fato de não aparecerem herdeiros de seus possuidores.
Estes mesmos indolentes habitantes hoje estão quase todos reunidos a uma légua e três quartos de distância, no lugar chamado Corredor, estabelecido pelos carreiros, que, procurando as forças de Mato Grosso, paravam na estrada daquela província, para refazerem a boiada, fatigada pela viagem desde Santana. O ponto do Corredor era além disso muito menos sujeito às febres intermitentes, uma das grandes pragas de Camapuã, e sobretudo estava situado em posição mais aprazível e pitoresca e não, como aquele antigo local, abafado entre outeiros abaulados que bem justificam o seu nome índico cama, mama; poan, redonda.
Não é sem curiosidade nem tal ou qual emoção que o viajante encara aquela localidade, tão falada e notável nos princípios da história de Mato Grosso; ponto então de prazer destacado no meio de vastas solidões, guarda avançada dos portugueses contra os espanhóis que vinham até o rio Mondego e fundaram, em sua margem, o forte Xerez, cuja destruição importou a criação do forte de Miranda que tomou usurpadamente a posição estratégica de Camapuã.
FONTE: Taunay, Viagens de Outrora, 2a. edição, Edições Melhoramentos, S.Paulo, 1921, página 48.
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