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Brasil

Frei Gilson remove mais de 2 mil vídeos no YouTube após polêmicas políticas

Maioria das gravações removidas ou ocultadas havia sido postada entre 2018 e 2024
Agência Estado -
Frei Gilson / Redes Sociais

O sacerdote da Igreja Católica Gilson da Silva Pupo Azevedo, o frei Gilson, que acumula milhões de seguidores no YouTube, removeu ou colocou em modo privado 2.022 vídeos da plataforma nos últimos 14 dias. A “limpa” ocorre em meio aos debates entre grupos conservadores e progressistas nas redes sociais sobre o conteúdo do religioso.

O frade, apoiado por conversadores, foi chamado de “golpista” e acusado de “promover a extrema direita e pedir votos no bolsonarismo” nas redes sociais. Ele entrou em evidência depois de reunir mais de 1 milhão de fiéis em uma live na madrugada, no início da Quaresma para os católicos. As transmissões estão sendo realizadas durante todo o período.

Ao Estadão, a assessoria do frade disse que “neste período ele fica dedicado só à Quaresma” e, por isso, não vai comentar.

A ferramenta Social Blade, que monitora métricas de redes sociais, detectou que 2.022 mil vídeos deixaram de estar disponíveis recentemente: 1.331 entre os dias 13 e 15 de março e outros 691 desde esta segunda-feira, 17.

No ápice da polêmica, na semana do dia 5, o canal tinha mais de 5 mil vídeos. Nesta quinta-feira, 20, o número é de 3.157.

Por outro lado, o número de inscritos do frade aumentou no período. Foram 740 mil novos seguidores nos últimos 14 dias. Na manhã desta quinta-feira, 20, ele tinha 7 milhões de pessoas interessadas em acompanhar os vídeos de música e pregação publicados. Recentemente, ele tem feito conteúdos voltados ao período da Quaresma.

‘Fenômeno em oração’

De acordo com levantamento do jornal O Globo, a maioria das gravações removidas ou ocultadas havia sido postada entre 2018 a 2024, com pregações, reflexões sobre a Bíblia e aconselhamentos de ordem espiritual. Vídeos do ano de 2022, quando ocorreram as últimas eleições presidenciais, foram os mais tirados do ar.

Frei Gilson não declarou apoio ao Jair Bolsonaro (PL), mas foi associado a ele pelos internautas. Depois que o conteúdo do sacerdote “furou a bolha”, Bolsonaro saiu em sua defesa no X (antigo Twitter), referindo-se a ele como um “fenômeno em oração, juntando milhões pela palavra do Criador”.

Críticos do ex-presidente resgataram vídeos em que o frade dissemina pensamentos conservadores. Em junho de 2021, ele apareceu rodeado por bandeiras do e pediu que Nossa Senhora livrasse o País do “flagelo do comunismo”.

Gilson foi citado no inquérito da Polícia Federal que investigou a tentativa de de Estado e embasou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro e outras 33 pessoas.

Ele não é investigado, mas seu nome apareceu no documento por ele ter recebido de um dos indiciados, o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, um texto que ficou conhecido como “oração do golpe”. José Eduardo não foi denunciado pela PGR e teve suas medidas cautelares revogadas nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

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