Pular para o conteúdo
Brasil

STF proíbe desqualificação de mulher vítima de violência sexual

Tese de legítima defesa da honra pelo réu não poderá ser utilizada para justificar a violência e pedir a absolvição
Agência Estado -
STF

Por unanimidade, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (23) proibir que mulheres vítimas de crimes sexuais sejam desqualificadas em audiências judiciais e investigações policiais.

Pela decisão, a vida sexual pregressa da vítima não poderá ser utilizada como argumento para desqualificação moral por policiais, advogados e juízes durante depoimentos em delegacias, audiências e decisões judiciais em todo o país.

Os ministros também confirmaram que a tese de legítima defesa da honra pelo réu, acusado de crime sexual, não poderá ser utilizada para justificar a violência e pedir a absolvição.

Além disso, os órgãos envolvidos na apuração e no julgamento do caso deverão impedir a desqualificação das vítimas, sob pena de responsabilização.

A Corte finalizou o julgamento iniciado ontem (22) da ação protocolada no final do ano passado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para garantir que vítimas de crimes sexuais sejam tratadas de forma digna durante a tramitação de processos.

Votos

O entendimento da Corte foi baseado no voto de Cármen Lúcia, relatora do caso e única ministra do STF. Na sessão de hoje, a ministra completou voto proferido na sessão de ontem e disse que a proibição da desqualificação impede a revitimização da mulher e favorece as denúncias de casos de estupro.

Cármen afirmou que “frases cruéis e perversas ” são ditas contra mulheres em depoimentos realizados pela Justiça e em delegacias.

“Perguntam na delegacia, ou os juízes toleram, uma coisa horrorosa, perversa e cruel de perguntar você [mulher] fez por merecer, qual foi o seu comportamento, como era antes a sua vida, como se a circunstância de ser mulher ou de ter uma vida sexual fosse desqualificadora para o crime de estupro”, afirmou.

O ministro Alexandre de Moraes disse que o STF não vai mais tolerar casos de desqualificação de vítimas. “É lamentável que, terminando o primeiro quarto do século 21, nós ainda tenhamos esse machismo estrutural, inclusive em audiências perante o Poder Judiciário”, comentou.

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, acrescentou que todos os crimes de violência contra a mulher envolvem o risco de revitimização.

“O Supremo tem dado a contribuição possivel para enfrentar uma sociedade patriacal e de machismo estrutural, que se manifesta na linguagem, nas atitudes e nas diferenças de mercado”, completou.

A posição da ministra foi seguida pelos ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Luiz Fux e Gilmar Mendes.

Mari Ferrer

Um dos casos que motivaram a ação da PGR ocorreu com a modelo e influenciadora digital Mariana Ferrer, em 2018. Durante audiência na qual prestou depoimento na condição de vítima de estupro, ela foi constrangida pelo advogado do acusado. O episódio provocou a aprovação da Lei Mari Ferrer, norma que protege vítimas e testemunhas de constrangimentos. No ano passado, o juiz responsável pelo caso foi advertido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais
congresso

Investigação mira ex-prefeito que teria recebido diárias em dobro da Assomasul e do município

Policial atira em pneu de carro e impede motorista de atropelar vítimas na Antônio Maria Coelho

Judô

Copa Judô Futuro Interestadual de Judô começa nesta sexta-feira no Ginásio Guanandizão

Moradora oferece recompensa para quem encontrar Sophia, gatinha que fugiu no Parque dos Poderes

Notícias mais lidas agora

Disputa por R$ 10 milhões: área doada para megaindústria chinesa BBCA está abandonada

pantanal incêndio

Alvo de operação contra grilagem em MS já recebeu multa ‘pesada’ por incêndio no Pantanal

onça atacou gato

Foi onça ou não? Marcas de mordida indicam predador de gato atacado em cidade de MS

Ciclistas expõem inseguranças em Campo Grande após atropelamento filmado em avenida

Últimas Notícias

Cotidiano

Justiça Federal mantém decisões que impedem Paper de assumir a Eldorado Brasil

Paper não consegue terminar transferência da empresa por conta de impedimento da Justiça

Política

Morador de Porto Murtinho paga R$ 1 mil de fiança e diz que prefeito “perdeu o controle”

Briga aconteceu no município e terminou com depoimentos na delegacia

Cotidiano

Dentistas voluntários selecionam jovens para tratamento dental gratuito em MS

Campo Grande e Corumbá receberão equipes da Turma do Bem, rede de dentistas voluntários

Mundo

Guatemala extradita um dos 100 foragidos mais procurados pelos EUA

Samayoa é acusado de liderar uma organização de tráfico de drogas em larga escala