Mais idosos vivem sozinhos no Brasil, revela Censo do IBGE

O maior grupo (28,7%) ainda é o de pessoas com 60 anos ou mais

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Ilustrativa – Idoso em Campo Grande (Henrique Arakaki, Midiamax).

Números inéditos do Censo Demográfico 2022 divulgados nesta sexta-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o maior porcentual de pessoas vivendo sozinha no País ainda é de idosos, embora venha crescendo também em outras faixas etárias.

A porcentagem de domicílios em que vive apenas uma pessoa deu um salto significativo, passando de 12,20% em 2010 para 18,9% em 2022. Deste total, o maior grupo (28,7%) ainda é o de pessoas com 60 anos ou mais. São 5.664.602 brasileiros idosos vivendo sozinhos em todo o País. Apenas em São Paulo são 1.336.761.

“O envelhecimento da população é a principal explicação”, explicou Márcio Minamigushi, do IBGE. “Os parceiros morrem, os filhos saem de casa, as pessoas vão ficando sozinhas.”

É o caso de Eliana Neves, de 65 anos, que vive sozinha em um grande apartamento de cobertura na zona sul do Rio de Janeiro. Em 2009, ela perdeu um filho de 25 anos que nasceu com fibrose cística, uma doença que provoca o necrosamento do pulmão. Dois anos depois, ela se separou do marido, com quem estava casada desde 1982 e ficou vivendo apenas com a filha mais nova. Em 2016, no entanto, a jovem se casou e saiu de casa.

“Eu fiquei aqui feliz da vida”, disse Eliana, que tinha acabado de voltar da academia, onde malha todos os dias. “Vivo num apartamento grande sozinha, mas não sinto nada de solidão. Tenho meus dias muito ocupados e viajo muito.”

A mãe de Eliana, que morreu em fevereiro, aos 97 anos, vivia também sozinha em um outro apartamento na mesma rua, mas nenhuma das duas quis abrir mão de sua independência, apesar dos encontros diários e do apoio mútuo.

As maiores proporções de domicílios com apenas um morador foram registradas no Rio de Janeiro (23,4%), Rio Grande do Sul (22,3%) e Espírito Santo (20,6%), sendo que Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são os estados com a população mais envelhecida. Os menores porcentuais de casas unipessoais estão no Amapá (12,0%), Amazonas (13,0%) e Pará (13,5%), que também são os estados mais jovens do País.

De fato, números do Censo 2022 divulgados no fim do ano passado, mostravam que as regiões Norte e Nordeste são as mais jovens do País, onde 25% e 21% da população têm até 14 anos. As regiões mais velhas são o Sudeste e Sul, ambas com porcentuais de idosos que chegam a 12%.

No Brasil, as pessoas com mais de 65 anos já representam 10,9% da população – uma alta recorde frente aos números de 2010, quando os idosos representavam 7,4% do total. Em 1980, para se ter uma ideia, os mais jovens eram 38,2% e os mais idosos apenas 4%. Ou seja, a “pirâmide” demográfica brasileira se parece cada vez menos com uma pirâmide e vai adquirindo um formato mais similar ao de uma ânfora, indicando que a grande maioria da população, atualmente, é de meia idade.

Este fato evidencia a tendência do início do fim do bônus demográfico (quando a proporção de jovens, a população economicamente ativa, é maior que a de idosos e crianças, elevando as chances de ganhos no PIB). Esse movimento teve início há cerca de 50 anos e começa a perder seus efeitos já a partir de 2030 ou mesmo antes, quando a maior parcela da população já será de idosos, aumentando a pressão sobre os gastos de saúde e previdência social.

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