O governo do Estado de anunciou que utilizará uma ferramenta de inteligência artificial (IA), o ChatGPT, para produzir parte das aulas voltadas a alunos dos anos finais do e do ensino médio da rede pública paulista. Atualmente, o material é todo elaborado por curriculistas, que são especialistas na área.

A informação foi divulgada inicialmente pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão. Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) informou que, por ora, trata-se de um “projeto-piloto”. A pasta também negou que exista qualquer possibilidade de excluir professores do processo de produção das aulas.

“Esse processo de fluxo editorial ainda será testado e passará por todas as etapas de validação para que seja avaliada a possível implementação. Nele, as aulas que já foram produzidas por um professor curriculista e já estão em uso na rede são aprimoradas pela IA com a inserção de novas propostas de atividades, exemplos de aplicação prática do conhecimento e informações adicionais que enriqueçam as explicações de conceitos-chave de cada aula”, declarou a Seduc à reportagem.

Erros de informação

Apesar de estar cada vez mais difundida, a tecnologia de IA não está imune a erros; ao contrário, é bastante comum que ferramentas como o ChatGPT e outras apresentem informações erradas ou distorcidas.

De acordo com a secretaria, todo o material criado por meio de IA passará por revisão de profissionais de educação. “Esse conteúdo será avaliado e editado por professores curriculistas em duas etapas diferentes, além de passar por revisão de direitos autorais e intervenções de ”, declarou a secretaria.

“Por fim, se essa aula estiver de acordo com os padrões pedagógicos, será ofertada como versão atualizada das aulas feitas em 2023.” Atualmente, o Estado de São Paulo conta com 90 professores curriculistas.

Projeto polêmico

Em agosto do ano passado, o secretário de Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder, sugeriu que a rede estadual abandonasse os livros didáticos do Ministério da Educação (MEC) para adotar somente apresentações digitais. “A aula é uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios. O livro tradicional, ele sai”, disse ele ao Estadão.

Semanas depois, com a repercussão negativa da decisão, Feder recuou e a pasta enviou ofício ao MEC pedindo que São Paulo voltasse a fazer parte do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD). Durante uma live em 17 de agosto, o secretário afirmou que “conversou com a rede, escutou os profissionais da educação, especialistas, professores, alunos”. “A gente decidiu que para enriquecer a nossa escola, para dar uma possibilidade adicional aos nossos professores, que a gente vai fazer a adesão integral ao PNLD”, afirmou.