Uma situação inusitada ocorreu em um registro de B.O. (Boletim de Ocorrência), em delegacia de São Paulo. Na ocasião, um policial civil registrou o documento, referente a um furto em residência, com texto escrito no gênero de poesia, sendo repreendido e orientado a reescrevê-lo.

O caso aconteceu há alguns meses, no dia 25 de fevereiro, no município de Presidente Prudente, mas só ganhou repercussão nesta semana. Conforme apuração local do portal de notícias UOL, o B.O se referia a um furto registrado em residência do bairro Jardim Everest.

Segundo o B.O, um homem havia invadido uma residência durante a madrugada, levando consigo uma lavadora de alta pressão, uma tampa de tanque de combustível, 20 litros de gasolina e outros 20 litros de etanol.

O policial responsável por escrever a primeira versão do documento usou e abusou da ‘licença poética’ para descrever os fatos em torno do crime.

Desse modo, no início do texto, o eu lírico do B.O. — o ‘eu lírico’ ou ‘eu poético’ é a voz que se expressa em uma poesia — recorre à descrição detalhista do ambiente da ocorrência: “na mansidão do silêncio noturno, permeada pela penumbra que abraça os segredos da calada madrugada, o vilão de nossa trama, qual sombra furtiva, penetrou na propriedade da respeitável vítima”.

E continua descrevendo o caso: “neste ato de profanação, destemido e sorrateiro, desfez a barreira da intimidade alheia e arrebatou consigo os objetos que figuram na relação dos despojos”.

Ainda na descrição do ambiente, ele não economizou palavras, referindo-se à falta de segurança do local: “à propriedade da vítima coube servir de palco para a execução deste sórdido enredo. Na ausência de sentinelas visuais, as câmeras de monitoramento permaneceram omissas, incapazes de registrar os passos furtivos do agente do mal”.

Quanto às ações realizadas pelo suspeito do delito, o eu lírico descreveu: “deixou sua marca indelével como um sinal no trilho do rastejar do agressor, tal o rastro de uma serpente que insinua sua presença”.

Ao fim do documento, o autor critica a insegurança: “ao sabor do destino, este registro serve como crônica dos eventos que se desenrolam na quietude da noite, evocando uma afronta à segurança, e

Documento foi desconsiderado pelo delegado responsável

Diante do texto incomum para os parâmetros do ambiente policial, o delegado do caso, Eduardo Iasco Pereira, chefe da equipe de plantão, desconsiderou o documento e solicitou que um novo B.O fosse lavrado pela equipe policial.

Segundo ele, a primeira versão do documento não seguia o padrão inerente à norma de escrita policial e de serviço da Polícia Judiciária.

Logo, na segunda edição do boletim, o novo responsável pelo texto não pareceu satisfeito com a decisão do delegado. Desta vez, o documento foi registrado em apenas quatro linhas.

Sem delongas, o novo B.O. diz que a vítima compareceu à unidade policial, relatando quais objetos foram furtados de sua residência. Quanto à insegurança, foi relatado apenas que a ação não foi gravada por câmeras de segurança e que não havia testemunhas do fato.

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