Enredo sobre morte e vida de Lampião dá vitória a Imperatriz Leopoldinense em 2023

“O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida” foi o tema do desfile da Imperatriz leopoldinense, campeã do carnaval carioca de 2023.
A história de Lampião foi contada na Avenida, mas longe de uma perspectiva biográfica, ou definidora de Virgulino Ferreira como herói ou vilão. A escola de Ramos se debruçou sobre os cordéis para encontrar um destino para Lampião após a sua morte.
O destino de Lampião após a morte são nuances do desfile. A ida ao inferno, onde não consegue abrigo; a ida ao céu, onde também não é recebido; e, por fim, seu lugar na terra, onde ocupa um lugar nos imaginários dos brasileiros, especialmente entre os nordestinos.
Comandando o carnaval da Imperatriz, detentoras de oito títulos, Leandro Vieira fala que o trabalho dele e de sua equipe é pela “possibilidade de sonhar” com mais uma estrela na bandeira.

Ganhando ou perdendo a cerveja está garantida. Reservamos 15 mil latinhas para a festa. Fizemos nosso melhor desfile em 30 anos – disse o diretor da escola antes da apuração.
Neste ano, a escola também ficou nos assuntos mais comentados da internet após uma polêmica envolvendo a primeira-dama do Brasil. A youtuber Antonia Fontenelle criticou a roupa usada pela primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, na posse do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À época, ela comparou a vestimenta à roupa da velha-guarda da Imperatriz, que definiu como “apática” e, por isso, Janja foi convidada a desfilar pela agremiação.
Conheça a letra do samba
‘O aperreio do cabra que o excomungado tratou com má-querença e o santíssimo não deu guarida’
- Autores: Me Leva, Gabriel Coelho, Miguel da Imperatriz, Luiz Brinquinho, Antonio Crescente e Renne Barbosa
Imperatriz veio contar pra vocês
Uma história de assombrar, tira sono mais de mês
Disse um cabra que nas bandas do Nordeste
Pilão deitado se achegava com o bando
Vinha no rifle de corisco e cansanção
Junto de Cirilo Antão, Virgulino no comando
Deus nos acuda, todo povo aperreado
A notícia corre céu e chão rachado
Rebuliço no olhar de um mamulengo
Era dia 28 e lagrimava o sereno
E foi-se então… Adeus, capitão!
No estouro do pipoco
Rola o quengo do caboclo
A sete palmos desse chão
Nos confins do submundo onde não existe inverno
Bandoleiro sem estrada pediu abrigo eterno
Atiçou o cão cá-trás, fez furdunço
E satanás expulsou ele do inferno
O jagunço implorou lugar no céu
Toda santaria se fez de bedel
Cabra macho excomungado de tocaia no balão
Nem rogando a Padim Ciço ele teve salvação
Pelos cantos do sertão… Vagueia, vagueia
Tal qual barro feito a mão misturado na areia
Quando a sanfona chora, mandacaru aflora
Bate zabumba tocando no meu coração
Leopoldinense, cangaceiro, a minha escola
Eis o destino do valente Lampião
Ficha técnica
- Fundação: 06/03/1959
- Cores: Verde, Branco e Ouro
- Presidente: Cátia Drumond
- Carnavalesco: Leandro Vieira
- Diretor de carnaval: Mauro Amorim
- Mestre de bateria: Lolo
- Rainha de bateria: Maria Mariá
- Intérprete: Pitty de Menezes
- Mestre-Sala e porta-bandeira: Phelipe Lemos e Rafaela Theodoro
- Comissão de Frente: Marcelo Misailidis