A FPA (Frente Parlamentar do Agronegócio) pediu a anulação de 3 questões do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2023 que faz críticas ao setor. Segundo a nota oficial publicada nesta segunda-feira (6), a FPA considerou as perguntas 70, 71 e 89 da prova aplicada ontem (5), pois elas apresentam a “moderna produção agropecuária brasileira de forma absolutamente equivocada, pejorativa e descolada de embasamento técnico-científico, induzindo estudantes ao erro e criando desinformação sobre uma atividade essencial para a sociedade brasileira”, diz a nota.

Para a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) ressalta que mais do que anular as questões, o MEC (Ministério da Educação) precisa “esclarecer à sociedade como pretende interromper esse ciclo de desinformação”. A instituição em nota informou que vai mobilizar outras entidades setoriais, universidades, pesquisadores e educadores para propor apoio ao MEC na atualização do conceito de agronegócio no banco de questões utilizado na elaboração das provas do Enem e demais materiais didáticos distribuídos pelo governo federal.

A FPA pede ainda a convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para audiências na Câmara e no Senado, e informações do MEC sobre a banca que elaborou as questões da prova deste ano, com referências bibliográficas utilizadas para a construção da prova.

Confira a nota completa:

“A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) aguarda posicionamento urgente do governo federal brasileiro sobre questões de cunho ideológico e sem critério científico ou acadêmico dispostas no Exame Nacional do Ensino Médio, prova de admissão à educação superior, aplicada pelo Ministério da Educação no último domingo (5).

O ENEM é um exame de avaliação do conhecimento. As perguntas são mal formuladas, de comprovação unicamente ideológica e permite que o aluno marque qualquer resposta, dependendo do seu ponto de vista. Anulação já!

  1. Negacionismo científico contra um setor que, além de trazer a segurança alimentar ao Brasil e ao mundo, é massificação de mentiras. O setor agropecuário representa toda a diversidade da agriculta: pequenos, médios e grandes. Somos um só e não aceitaremos a divisão para estimular conflitos agrários;
  2. É inacreditável o governo federal se utilizar de desinformação em prova aplicada para quase 4 milhões de alunos brasileiros que disputam uma vaga nas universidades do Brasil;
  3. A anulação das questões é indiscutível, de acordo com literaturas científicas sobre a atividade agropecuária no Brasil e no mundo, em respeito à academia científica brasileira;
  4. Este é o único país do globo em que o seu próprio governo federal propaga desinformação sobre a principal atividade econômica e de produção de riqueza, renda e empregos. A serviço dos brasileiros? Vincular crimes à atividade legal é informação?;
  5. A ineficiência do Estado Brasileiro está exposta. A vinculação de crimes à atividade legais no Brasil é um critério de retórica política para encobrir a ausência do Estado no desenvolvimento de políticas públicas eficientes e de combate a ilegalidades. Não permitiremos que a desinformação seja propagada de forma criminosa entre nossa sociedade, como foi feito durante os anos anteriores do governo atual.

Ações:

a) Requerimento de convocação do Ministro da Educação, Camilo Santana, para audiências na Câmara dos Deputados e Senado Federal;

b) Requerimento de informação ao Ministério da Educação sobre a banca organizadora do ENEM 2023 e referências bibliográficas utilizadas para a construção do exame;

c) Anulação das questões 89, 70 e 71 do ENEM 2023.

A prova do Enem 2023 iniciou neste domingo (05), com o primeiro caderno de humanas e linguagens. O que chamou atenção nas questões foi o ataque ao agronegócio, principal atividade de desenvolvimento social e econômico para o Brasil.

A inclusão desse conteúdo no exame concorrido por todo o país gerou controvérsia, especialmente pelo agronegócio ser um pilar do crescimento econômico brasileiro e um setor vital para o PIB do país, respondendo por cerca de 25%. Até o momento, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) e o MEC (Ministério da Educação) não deram nenhuma declaração sobre o assunto. No próximo domingo (11), os estudantes de todo o Brasil irão fazer a segunda parte do Enem, a prova de exatas e ciências biológicas.”