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Brasil

Professores e estudantes comentam primeiro dia da reaplicação do Enem

Fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em meio a pandemia foi um desafio para estudantes entrevistados pela Agência Brasil. Lívia Baranda, 18 anos, e Raissa de Carvalhos Barbosa, 17 anos, viram a doença de perto. Ambas fizeram o exame hoje (23) no Amazonas, onde as provas regulares foram canceladas pelo agravamento da pandemia. […]
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Ilustrativa (Foto: Divulgação)

Fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em meio a pandemia foi um desafio para estudantes entrevistados pela Agência . Lívia Baranda, 18 anos, e Raissa de Carvalhos Barbosa, 17 anos, viram a doença de perto. Ambas fizeram o exame hoje (23) no Amazonas, onde as provas regulares foram canceladas pelo agravamento da pandemia.

“Há menos de um mês peguei covid e ainda tenho sequelas, como dores nas costas se eu ficar muito tempo sem movimentar, isso atrapalhou um pouco o desenvolvimento. Mas, não podia desistir e nem perder a oportunidade e me mantive firme por seis horas de prova”, diz Raissa, que fez as provas em Careiro da Várzea, interior do estado.

A estudante, que conta que não descuidou da higienização e nem do uso da , diz que a pandemia atrapalhou os estudos durante o ano. “A preparação foi um pouco menos que o esperado, por conta de todos os acontecimentos e perdas familiares e até mesmo por ter sido acometida pela doença, o ritmo de estudo caiu e fiquei parada por muito tempo. Com certeza a nossa saúde mental tem sido muito afetada, e isso prejudicou. Para fazer o exame hoje, usei meus conhecimentos adquiridos na escola e cursos online realizados até novembro de 2020. O que não chega nem a 10% de aprendizado de tempos normais”, diz.

Apesar disso, ela diz que a prova estava “muito boa, assuntos fáceis”. A estudante pretende cursar engenharia de produção.

Em Parintins, Lívia conta que teve medo de sair de casa para fazer o exame. “Eu fiquei com muito medo de fazer a prova neste momento. Estou em isolamento há muito tempo. Aqui a situação está complicada. Muitas pessoas se infectaram com covid. É um momento muito tenso. Fiquei indecisa sobre fazer o exame, algo importante para o meu futuro ou esperar o próximo Enem”, diz.

Lívia perdeu dois tios por covid e viu a irmã ficar em estado grave por conta da doença. “Eu fiz todas as recomendações, usei máscara, usei muito álcool em gel. Eu sabia que uma hora teria que encarar essa situação”.  A estudante pretende usar a nota do Enem para cursar direito ou medicina.

Lívia diz que se dedicou muito aos estudos ao longo do ano, como pode. Após a suspensão do exame, ela juntou forças e, com a ajuda de , retomou o ritmo de estudos e conseguiu revisar o que ainda tinha dificuldade. “A prova do Enem é uma prova muito extensa, muito cansativa. Mas achei que deu para desenvolver bem as questões. O tema da redação foi algo que está bem presente nesses dias de pandemia, que tem bastante relevância”, analisa.

Prova de redação

Hoje, os participantes fizeram, além das provas de linguagens e ciências humanas, a única prova subjetiva do Enem, a prova de redação. O tema desta edição foi A falta de empatia nas relações sociais no Brasil.

Para a professora de língua portuguesa e produção textual do Colégio Mopi, no , Tatiana Nunes Camara, o tema de hoje foi mais fácil do que os outros temas das provas aplicadas este ano. O tema do regular impresso foi O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira e o do Enem digital foi O desafio de reduzir as desigualdades entre as regiões do Brasil.

“A minha observação é que os temas são muito desequilibrados. Se a gente for pensar no critério de isonomia do concurso é complicado porque me parece bastante óbvia diferença de abordagem, principalmente em relação ao impresso [regular] “, diz. “Até a abordagem vocabular: estigma. Há níveis diferentes de aprofundamento, abordagem e de dificuldade de compreensão do tema”, acrescenta.

Apesar disso, a professora elogia a escolha. “Acho um tema necessário, um tema de reflexão bastante profunda. Essas reações empáticas no Brasil estão extremamente abaladas. A gente está vendo isso nas pequenas coisas, temos exemplos diários, sobretudo na pandemia”, diz.

“É um tema que está bastante atual”, complementa a professora e especialista em língua portuguesa e literatura do cursinho Aprova Parintins, em Parintins (AM), Ivone Travassos. “Observamos no período que estamos vivendo, em relação a covid, que as relações sociais hoje não se aprofundam. Não nos colocamos no lugar do outro em muitas situações. Devido ao excesso de informações, percebemos que as coisas que acontecem com os outros nos sensibilizam apenas por um momento. Não estamos preocupados. E as redes sociais parece que banalizaram isso”.

Segundo Ivone, para os estudantes do Amazonas, por terem sido muito afetados pela pandemia, a falta de empatia fica ainda mais evidente. “O estado está passando por dificuldades. Tivemos um período sem oxigênio. Os alunos estão perdendo entes queridos”, diz. “Muitos estudantes foram prejudicados no preparo [com o fechamento das escolas]. Muitos não foram fazer as provas, penso que o número de candidatos presentes será abaixo do que gostaríamos”.

Reaplicação

Ao todo, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 276 mil estão inscritos para esta aplicação, que ocorre em 1.481 municípios brasileiros. Destes, 41.864 pessoas fazem o Exame Nacional do Ensino Médio para adultos privados de liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade (Enem PPL).

Outros 235 mil estavam inscritos no Enem regular, porém precisarão fazer o exame, seja por terem tido sintomas de covid-19 ou outras doenças, seja porque foram prejudicados por questões logísticas, como falta de luz no local de prova.

Também estão inscritos os 163.444 candidatos do estado do Amazonas, os 969 participantes do município de Espigão D’Oeste e os 2.863 de Rolim de Moura, ambos em Rondônia. Nesses locais, o Enem regular, tanto impresso quanto digital, foi cancelado por conta do agravamento da pandemia do novo coronavírus.

Os gabaritos das provas objetivas da reaplicação do Enem 2020 serão divulgados pelo Inep no dia 1º de março, junto com os Cadernos de Questões. Os resultados finais, tanto do Enem digital quanto do Enem impresso e da reaplicação, serão divulgados no dia 29 de março.

As notas do Enem poderão ser usadas para ingressar no ensino superior e para participar de programas [LINK: https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2021-01/conheca-os-programas-que-utilizam-notas-do-enem] como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (ProUni), e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

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