De acordo com os investigadores, apurou-se que um grupo empresarial que presta serviços à Secretaria Municipal de Saúde do Município de Cuiabá e recebeu, entre 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões, ‘manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento propinas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou até mesmo recém transformadas para o ramo da saúde’.

A Polícia Federal aponta que, após os recursos ilícitos entrarem nas contas das empresas intermediárias – ‘muitas vezes com atividades econômicas incompatíveis’ -, os valores passavam a ser movimentados, de forma fracionada, por meio de saques eletrônicos e cheques avulsos.

“A movimentação financeira também se dava nas contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando a dissimulação dos eventuais beneficiários”, explicou ainda a PF.

Em paralelo, o grupo empresarial alvo da Curare promovia supostas “quarteirizações” de Contratos Administrativos, que acabavam beneficiando o servidor responsável pelas contratações com a Secretaria Municipal de Saúde e Empresa Cuiabana de Saúde Pública, incluindo o pagamento de suas despesas pessoais, dizem ainda os investigadores.

“O nível de aproximação entre as atividades públicas e privadas dos investigados envolveu a aquisição de uma cervejaria artesanal, em que se associaram, de forma oculta, o então servidor público e o proprietário do grupo empresarial investigado”, detalhou ainda a PF.

PREFEITO AFASTADO

No último dia 19, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) foi afastado no âmbito de outra investigação que também mira supostas irregularidades na Secretaria Municipal de Saúde. A Promotoria aponta ‘fortes indícios’ de contratação irregular de servidores temporários pela Secretaria Municipal de Saúde, entre março e dezembro de 2018, ‘possivelmente determinadas pelo prefeito e com a provável finalidade de angariar apoio político para si’.

Na ocasião, outros dois servidores da Prefeitura, considerados aliados de Pinehiro, também foram afastados dos cargos – secretária adjunta de Governo e Assuntos Estratégicos Ivone de Souza e ao chefe de gabinete Antônio Monreal Neto. Esse último chegou até a ser preso.

Nesta quarta-feira, 27, o juiz Bruno D’Oliveira Marques, da Justiça de Mato Grosso, determinou um novo afastamento de Pinheiro da prefeitura, por um período de 90 dias. A decisão foi proferida no âmbito de ação por administrativa que acusa o mandatário de contratações ilegais na Secretaria Municipal de Saúde e pagamento de valores vedados, a título de Prêmio Saúde.