No filme ‘Sol’, o tempo aumenta o abismo familiar entre pai e filho

Diretora Lô Politi volta a investigar o universo masculino em Sol

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Depois de Jonas, seu primeiro longa de ficção, a diretora Lô Politi volta a investigar o universo masculino em Sol, que estreia nesta quarta-feira, 27, às 20h30, na 45ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. “Sempre acho fascinantes histórias de pai e filho, principalmente entre homens, porque têm muito do não dito”, explicou Politi em entrevista ao Estadão, por videoconferência.

O personagem principal é Theo (Rômulo Braga), que recebe em sua casa sua filha Duda (Malu Landim), hoje morando fora com a mãe, depois de um ano de distância. Ele tem dificuldade de se relacionar com a menina. É então que ressurge em sua vida seu pai, Theodoro (Everaldo Pontes), que não vê desde menino. Theo acaba indo com Duda para o sertão da Bahia. “Ele é obrigado a ir atrás de entender essa desconexão com o pai para daí conseguir se conectar com a filha”, disse a diretora.

O grande vilão da história é o tempo. Sua passagem faz com que qualquer reaproximação ou reconciliação vá ficando mais difícil. Sobram a culpa e a vergonha. A secura do sertão era importante para representar esse sentimento – não por acaso, a lembrança que Theo tem de Theodoro é feliz e se relaciona com a água. “O Theo simbolicamente vai para o deserto, enfrenta o deserto que virou a alma dele, um deserto de afeto mesmo”, contou a diretora, que filmou na Bahia, um Estado com que tem uma relação especial.

Ela mergulhou naquele universo, primeiro para procurar locações, depois com os diretores de fotografia e arte, em seguida com a equipe e, por fim, para filmar. O resultado foi um álbum de fotografias destrinchando lugares, personagens, sensações e sentimentos, que serviu como guia. “Se você está superpreparada, presta atenção na mágica do set. Em um filme de sutilezas, de não ditos, é extremamente importante. Foi um processo maravilhoso, adoraria fazer sempre assim.”

Depois de dois filmes centrados em homens, sua próxima ficção será dedicada a uma mulher, a cantora Gal Costa, no período entre 1967 e 1971. “Foi muito bom passar a pandemia mergulhada naquele universo maravilhoso da Tropicália. Era um período pesado da ditadura, mas eles foram uma explosão de cor, talento, música”, disse Politi, que codirige com Dandara Guerra.

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