O Estadão já conversou com Aranha várias vezes, antes e depois do episódio na Arena do Grêmio. Ele sempre comentou desse jeito, pausado, olhando no olho. Semblante fechado, assunto sério. Mas, agora, Aranha está diferente. Parece mais leve. “Estou satisfeito. O livro alcançou muitos objetivos e espaços de maneira rápida, natural e espontânea. Não fizemos divulgação, não procuramos a mídia, mas ele está conquistando um espaço importante”, diz o novo escritor.
O livro tem trilhando um caminho firme dentro e fora do Brasil. O lançamento oficial foi na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, onde o autor participou de um bate-papo e uma tarde de autógrafos. Além disso, a Biblioteca de Washington, nos Estados Unidos, entrou em contato por e-mail com a Editora Mostarda, responsável pela publicação, pedindo exemplares para seu acervo. “A repercussão tem sido bastante positiva. Várias escolas já têm o livro”, avalia Pedro Mezette, idealizador do projeto da Editora Mostarda. O desafio agora é o desempenho comercial.
LIVRO NO CELULAR – “Brasil Tumbeiro” nasceu no celular de Aranha, que usava o bloco de notas para escrever. Como o conteúdo foi ficando extenso, um notebook se tornou necessário. Foram dois anos de trabalho e mais seis meses de insegurança antes de criar coragem para mostrar a obra.
O impulso para tirar o livro do fundo da gaveta veio da leitura de “Quarto de despejo”, obra-prima de Carolina Maria de Jesus que reúne 20 diários escritos pela mulher negra, mãe solteira, pouco instruída e moradora da favela do Canindé, em São Paulo. O olhar original da favela e sobre a favela foi traduzido para 13 idiomas. A editora adaptou o texto para linguagem infanto-juvenil, como uma publicação que vai auxiliar os professores na sala de aula. “Foi lendo o livro que eu criei coragem. Eu me inspirei na Carolina Maria de Jesus e escrevi do meu jeito”, conta Aranha.