A retomada precoce das atividades em praticamente todo o Brasil é a principal causa da nova onda de covid-19 em formação. A avaliação está no novo Boletim InfoGripe divulgado nesta sexta-feira, 28, pela Fiocruz. Com a normalização da mobilidade diante de números ainda muito altos de casos e mortes, o SARS-CoV-2 voltou a circular com intensidade. Assim, tornou-se praticamente inevitável o recrudescimento da pandemia. Há mais de 75% de chances de que essa piora ocorra em onze unidades da Federação (inclusive São Paulo) e de 95% em outras três, segundo o levantamento.

O novo Boletim InfoGripe alerta para tendência de crescimento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Atualmente, 96% dos casos de SRAG são provocados pelo novo coronavírus. A expansão atinge a maioria dos Estados, capitais brasileiras e Distrito Federal. A análise se refere à semana epidemiológica 20 (de 16 a 22 de maio).

“O estudo sinaliza que o cenário atual está associado à retomada das atividades de maneira precoce”, afirmou o pesquisador da Fiocruz Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe. “Tal situação manterá o número de hospitalizações e óbitos em patamares altos, como tendência de agravamento nas próximas semanas.”

O boletim mostra também que, mesmo nos Estados nos quais houve estabilização, ela se deu em patamares muito elevados. São similares aos dos picos da em 2020.

Segundo Gomes, Amazonas, e apresentam sinal forte (probabilidade superior a 95%) de crescimento na tendência de longo prazo. Alagoas, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins apresentam sinal moderado (probabilidade maior que 75%) sob o mesmo ponto de vista.

Nos demais Estados, de acordo com o levantamento, foi observada interrupção da tendência de queda. É o caso de Acre, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rondônia. O Ceará apresenta indícios de estabilização.

O novo boletim alerta que desde a semana epidemiológica número 14, diversos Estados apresentam valores similares ou superiores aos observados ao longo de 2020.

Gomes destaca ainda que as estimativas reforçam a importância da cautela na flexibilização das medidas de distanciamento social. Para ele, as precauções devem ser mantidas. Esse deve ser o procedimento até a tendência de queda dos números se estabilizar e o número de novos casos ser muito baixo.

“A interrupção da queda em patamares elevados e a retomada do crescimento do número de casos podem ser atribuídos em parte à retomada de circulação da população e, consequentemente, à maior exposição ao vírus”, concluiu.