O Facebook excluiu, na noite deste domingo (24), a live semanal mais recente do presidente da república Jair Bolsonaro (Sem Partido). Na transmissão, feita na quinta-feira (21), Bolsonaro relacionou de maneira equivocada a vacina contra o coronavírus e a Aids.

O vídeo também foi excluído do Instagram, que pertence à mesma empresa. Em nota, o Facebook afirmou que as políticas da plataforma “não permitem alegações de que as vacinas de matam ou podem causar danos graves às pessoas.”

Essa foi a primeira vez que a plataforma excluiu uma live transmitida pelo presidente da república. Até então, a empresa só havia apagado, em março de 2020, um vídeo em que Bolsonaro aparecia afirmando falsamente que a era uma “cura” contra a covid-19. YouTube e Twitter também já excluíram ao longo da pandemia vídeos em que o presidente aparecia fazendo declarações falsas.

Propagação de mentira

Durante a live, o presidente da república leu uma carta em que afirmava que um relatório do Reino Unido pontuava que pessoas vacinadas com as duas doses de vacinas contra a Covid-19 desenvolvem a “síndrome da imunodeficiência adquirida”, nome oficial da Aids, “mais rápido do que o previsto”.

Contudo, esses relatórios são inexistentes. A notícia falsa citada por Bolsonaro foi publicada originalmente pelos sites Stylo Urbano e Coletividade Evolutiva, este último um site antivacinas que já veiculou fake news ao longo da pandemia. Os dois sites se basearam em uma página em inglês conhecida por espalhar teorias conspiratórias.

De acordo com o site Aos Fatos, os textos divulgados por Stylo Urbano e Coletividade Evolutiva inseriram de maneira fraudulenta uma tabela que não existia em documentos oficiais das autoridades sanitárias do Reino Unido.

Manifestações

A fala de Bolsonaro provocou várias reações em cientistas e médicos. A SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) desmentiu a fala do presidente que associou vacinas à Aids. Em nota, a entidade repudiou “toda e qualquer notícia falsa que circule e faça menção a esta associação inexistente”.

A epidemiologista Denise Garrett, do Instituto de Vacinas Sabin (EUA), reiterou que nenhuma das vacinas para covid-19 aprovadas pela FDA (Food and Drug Administration) e pela (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) causam HIV. Ela também chamou Bolsonaro de “inescrupuloso”, “mentiroso” e “criminoso”. Confira o posicionamento de Garrett: