No apagar das luzes do ano, o Senado aprovou um projeto para liberar aumento de gastos em seis universidades federais e em hospitais universitários até o próximo ano, possibilidade vedada em função do socorro financeiro a Estados e municípios dado na de . A proposta, questionada pela equipe econômica, recebeu aval do Ministério da Educação. O texto foi aprovado por 60 votos favoráveis, 2 abstenções e nenhum contrário.

A articulação foi feita de última hora em um acordo entre senadores. Em meio à votação, senadores exaltaram o trabalho de Davi Alcolumbre (DEM-AP), que deixará a presidência do Senado em fevereiro e tenta fazer seu próprio sucessor. Em um momento da sessão, durante a votação do projeto que altera a lei relatada por ele em maio, o chefe do Legislativo se emocionou com o discurso de aliados.

A proposta autoriza a contratação de pessoal e realização de concurso público para seis universidades criadas em 2018 após o desmembramento de instituições de ensino em cinco Estados: as Universidades Federais de Catalão (UFCAT), Jataí (UFJ), Rondonópolis (UFR), Delta do Parnaíba (UFDPar), Rural de Pernambuco (UFRPE) e Norte do Tocantins (UFNT).

A mesma medida é estendida à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (), que reúne uma rede de hospitais universitários. A lei complementar que autorizou um socorro de R$ 60 bilhões para Estados e municípios contra a covid-19, além da suspensão de dívidas com a União, proibiu o aumento de gastos com pessoal até o fim de 2021, uma medida de compensação para a ajuda financeira.

De acordo com o senador Wellington Fagundes (PL-MT), autor do projeto pautado no Senado, as limitações impostas pela lei impedem o funcionamento dessas instituições. “Com as restrições impostas pela LC 173/2020, não poderão ser distribuídos cargos e nem funções para as universidades recém-criadas, fato que impedirá a implantação da estrutura administrativa e acadêmica dessas instituições”, escreveu o parlamentar na proposta.

De acordo com Fagundes, as instituições têm orçamento previsto para o próximo ano, mas dependem da medida para nomear funcionários. “Não tem nenhum impacto financeiro e tem a concordância (dos senadores)”, afirmou o autor do projeto no plenário.

O Executivo ainda avalia o impacto da medida, evitou apoiar o projeto e se absteve na votação. A proposta ainda dependerá da Câmara e de sanção presidencial. “É uma matéria que não está de todo pacificada e, portanto, como não estava prevista a votação desse projeto, entre hoje e amanhã, o governo fará toda a negociação possível lá na Câmara”, disse o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).