Pular para o conteúdo
Brasil

Morte de general do Irã fez Brasil se preparar para guerra, dizem telegramas

A morte do general iraniano Qassim Suleimani, em janeiro, fez a embaixada brasileira em Bagdá entrar em alerta. Telegramas enviados ao chanceler Ernesto Araújo – obtidos pelo Estado -, apontaram para o risco de guerra e mostram que os diplomatas adotaram medidas de segurança para proteção dos brasileiros, incluindo a compra de combustível e de […]
Arquivo -

A morte do general iraniano Qassim Suleimani, em janeiro, fez a embaixada brasileira em Bagdá entrar em alerta. Telegramas enviados ao chanceler Ernesto Araújo – obtidos pelo Estado -, apontaram para o risco de guerra e mostram que os diplomatas adotaram medidas de segurança para proteção dos brasileiros, incluindo a compra de combustível e de comida.

O general iraniano foi morto na madrugada do dia 3 de janeiro, à 1 hora no horário local (19 horas do dia 2 de janeiro, em ). O primeiro relatório da embaixada foi emitido com caráter “urgentíssimo” e relatava o que havia sido reportado pelo noticiário, reproduzia a primeira justificativa dos EUA para a morte – “deter planos iranianos de ataque” – e oferecia ao uma análise da nova conjuntura do Iraque.

Suleimani era chefe de uma unidade especial da Guarda Revolucionária do Irã e o militar de mais alto escalão do país. A ofensiva americana também matou Abu Mahdi al-Muhandis, comandante do Comitê de Mobilização Popular, uma xiita iraquiana apoiada pelo Irã.

“As circunstâncias da morte do general Suleimani e do comandante Abu Mahdi al-Muhandis constituem grave escalada, em território iraquiano, nas disputas envolvendo Irã e EUA e, certamente, deterioram, em muito, o já delicado quadro político-militar no Iraque. Não é descabido temer a eclosão de conflagração interna”, diz o comunicado.

A crise no Oriente Médio teve repercussão no Brasil. Jair Bolsonaro prestou solidariedade ao governo dos EUA logo após o ataque. O Brasil disse apoiar a “luta contra o flagelo do terrorismo” e ignorou a morte do militar iraniano. A mensagem foi interpretada com um alinhamento ao discurso de Donald Trump e criticada pela comunidade muçulmana.

Os telegramas a Araújo foram escritos pelo diplomata Flávio Antônio da Silva Dontal, encarregado de negócios da embaixada. Quando a crise começou, o embaixador brasileiro em Bagdá, Miguel Júnior Chaves de Magalhães, estava de férias. Mesmo assim, todas as ordens para as providências partiram dele.

“Por instrução do titular do posto, que se encontra de férias, determinei às empresas que nos prestam serviços de segurança e logística o reforço de pessoal e coordenação com a polícia federal iraquiana; e aquisição de óleo diesel e de mantimentos adicionais, talvez precauções que se mostrarão excessivas, mas recomendáveis no momento”, escreveu Dontal.

Um segundo relatório “urgentíssimo” foi enviado ao Brasil na tarde do dia 3. Nele, a diplomacia brasileira descreveu a escalada da tensão e os protestos em Bagdá. O governo brasileiro foi alertado sobre a decisão de uma empresa de segurança privada americana de retirar 900 funcionários do Iraque por precaução. As tropas dos EUA estavam sendo reposicionadas em países vizinhos e havia expectativa de reação de milícias xiitas no Iraque.

Paralelamente, a embaixada brasileira recebia “inúmeros pedidos de orientação” de brasileiros que vivem no Iraque. Grupos no WhatsApp e no Facebook foram divulgados para facilitar a comunicação. A embaixada também sugeriu a reprodução da nota enviada a esses grupos no site do Itamaraty, o que foi atendido.

“No atual quadro de incertezas e especulações, a embaixada do Brasil recomenda aos portadores de passaporte brasileiro que monitorem as notícias por meio de fontes confiáveis, evitando tomar decisões com base em rumores e especulações que, como sabemos, são comuns e se espalham rapidamente nessas horas de crise”, dizia o comunicado.

Funeral

O corpo de Muhandis foi enviado a Najaf, no sul do Iraque. O de Suleimani, a Teerã. A procissão começou ainda no dia 4. O enterro do general só ocorreria três dias depois, com o trágico desfecho de dezenas de pessoas mortas pisoteadas na multidão que foi às ruas prestar homenagens ao militar, considerado um herói nacional.

Contudo, rumores detectados pelo serviço de segurança da embaixada brasileira davam conta de que, na verdade, os restos mortais de Suleimani haviam sido enviados a Teerã antes mesmo do cortejo. No documento elaborado no dia 5, o funeral transcorreu “com razoável normalidade” e o telegrama ganhou prioridade normal nas linhas de comunicação da embaixada com o Itamaraty.

Repercussão

A manifestação oficial do governo brasileiro sobre o episódio provocou reação por parte do Irã. O Ministério das Relações Exteriores iraniano chegou a convocar a encarregada de negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, para explicar a posição. Em Brasília, o governo temia possível represálias terroristas em razão da posição em favor dos EUA.

Dados da empresa AP Exata, publicados pelo Estado no sábado, mostram que o dia do ataque foi o que mais rendeu comentários negativos contra o presidente desde a posse. Internautas que temiam o alinhamento do Brasil com os americanos criaram a hashtag #BolsonaroFicaCalado. O mau humor das redes foi crescente nos dias seguintes. Outro pico de críticas ocorreu no dia 8, quando Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo para acompanhar a fala do presidente americano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Rodovias de Mato Grosso do Sul ocupam primeiro lugar no ranking de maiores apreensões de cocaína

Mharya

Campo-grandense deixou MS há 10 anos para viver vitórias do jiu-jitsu nos EUA

Salários de julho dos servidores municipais de Dourados já estão disponíveis para saques

Em três dias, MS tem tempestades com 412,9 mil raios e queda de energia

Notícias mais lidas agora

Tapete cobrindo corpo, câmeras de segurança: o que se sabe sobre morta jogada em vala pelo amante

Em abril, membros do MPMS comemoram escolha de Alexandre Magno (esq.) para indicação ao CNMP, que já tem de MS o procurador Paulo Passos (centro) (Acervo público da Assecom/MPMS)

CNMP valida desculpas para nota zero de transparência no MPMS, alerta especialista

carne

Tarifaço Trump: carne produzida em MS é vendida para mercado interno e outras exportações

arte animais

Justiça absolve colombiana que usava carcaça de animais em obras de arte

Últimas Notícias

MidiaMAIS

Acusada de crime, artesã que usa carcaças de animais diz que absolvição não apaga erro

Artista plástica afirma que teve a dignidade recuperada, mas destaca que a decisão da Justiça não desfaz o peso da acusação considerada injusta

Cotidiano

Está na rota? Quatro bairros de Campo Grande receberão o fumacê

As equipes circularão das 16h às 22h

Política

Réus por crimes graves podem ter que pagar indenização para vítimas e parentes

Projeto de lei tramita na Câmara dos Deputados e ainda passará por análise de duas comissões

Política

VÍDEO: Comitiva brasileira entrega cartas mostrando o que os EUA perdem com tarifaço de Trump

Nelsinho chama tarifaço de 'perde-perde' e mostra como será a realidade dos estados norte-americanos se a medida for realmente adotada