Foi instaurado um procedimento extrajudicial pelo MPF (Ministério Público Federal) para apurar os motivos que levaram o a excluir o número total de óbitos por covid-19 das estatísticas divulgadas. Foi estipulado um prazo de 72 horas para o ministro interino da Saúde, general do Exército Eduardo Pazuello, enviar informações sobre o assunto. O procedimento foi aberto pela Câmara de Direitos Sociais e Fiscalização de Atos Administrativos em Geral que pediu informações e documentos, incluindo a cópia do ato administrativo que determinou a retirada do número acumulado de mortes do painel.

Ainda deverá ser esclarecido pelo ministro da Saúde houve outras modificações e subtrações de dados públicos relativos à pandemia, segundo reportagem do UOL. Em caso positivo, é preciso especificar os fundamentos técnicos que embasaram essa decisão. O MPF destacou que a transparência é uma regra no Poder Público e não deve haver exclusão de estatísticas.

Para os autores do despacho que instaurou o procedimento extrajudicial “essa restrição de informações limita o acesso do público a dados que são relevantes, não sigilosos, que podem orientar a sua conduta em relação à proteção da própria saúde”

O Ministério da Saúde escalonou a restrição a informações. Primeiro, passou a atrasar a divulgação dos números, que ocorria no meio tarde da tarde e foi para as 22 horas. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou “acabou matéria no ”.

O passo seguinte foi retirar o número total de mortes, o que ocorreu pela primeira vez na sexta-feira e foi oficializado hoje. São revelados somente os dados das últimas 24 horas. O Ministério da Saúde argumentou que a divulgação das estatísticas deste período permite acompanhar a realidade do país neste momento. A medida foi duramente criticada.

O ex-ministro da Saúde, Luiz Mandetta, vinculou a decisão do Ministério da Saúde a obediência militar – o ministro interino da Saúde é general do Exército. Mandetta classificou a atitude como “lealdade extrema, mesmo que burra e genocida. A Sociedade Brasileira de Infectologia publicou uma nota de repúdio. O ministro do Supremo Tribunal Federal disse que esconder dados é “manobra de regimes totalitários