O Ministério Público Federal (MPF) denunciou, nesta sexta-feira, 3, o ex-governador de São Paulo e atual senador José Serra (PSDB) e sua filha, Verônica Allende Serra, pela prática de lavagem de dinheiro transnacional. Também é alvo da operação o empresário Ronaldo Cesar Coelho, acionista da Energisa, ex-deputado federal e ex-tesoureiro do PSDB.

Segundo a denúncia, Serra, entre 2006 e 2007, “valeu-se de seu cargo e de sua influência política para receber, da Odebrecht, pagamentos indevidos em troca de benefícios relacionados a`s obras do Rodoanel Sul”. “Milhões de reais foram pagos pela empreiteira por meio de uma sofisticada rede de offshores no exterior, para que o real beneficiário dos valores não fosse detectado pelos órgãos de controle”, afirmou a Procuradoria, em nota.

O MP afirma que a Odebrecht teria pagado ao senador cerca de R$ 4,5 milhões entre 2006 e 2007, que seriam usados pelo tucano para custear gastos da campanha eleitoral, e mais R$ 23,3 milhões entre 2009 e 2010 para liberação de créditos junto à Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) por conta das obras no Rodoanel Sul. Ainda de acordo com a denúncia, “por muitos anos, a Odebrecht relacionou-se com José Serra por meio de Pedro Augusto Ribeiro Novis, executivo da Braskem”, que posteriormente tornou-se delator. Novis afirmou à investigação que o político solicitou o pagamento de R$ 4,5 milhões no final de 2006 em uma offshore chamada Circle Technical Company, que estaria no nome de José Amaro Pinto Ramos, amigo do tucano.

Paralelamente, a PF deflagrou a Operação Revoada para aprofundar as investigações em relação a outros episódios relacionados ao esquema de lavagem em suposto benefício de Serra. Estão sendo cumpridos oito mandados de busca e apreensão em São Paulo e no Rio de Janeiro. Parte das buscas é realizada em endereços ligados ao ex-governador. As ordens foram expedidas pela que determinou ainda o bloqueio de R$ 40 milhões em uma conta na Suíça, de acordo com o jornal o Estado de S. Paulo. 

Ronaldo Cesar Coelho – irmão do ex-árbitro de e comentarista esportivo Arnaldo Cezar Coelho – também é investigado pelo suposto recebimento de recursos para financiamento de campanhas eleitorais com recursos advindos de contratos para a construção do Rodoanel.

Com relação à denúncia, a força-tarefa indicou que as investigações demonstraram que o operador José Amaro Pinto Ramos e Verônica Serra, filha do ex-governador, “constituíram empresas no exterior, ocultando seus nomes, e por meio delas receberam os pagamentos que a Odebrecht destinou ao então governador de São Paulo”. “Neste contexto, realizaram numerosas transferências para dissimular a origem dos valores, e os mantiveram em uma conta de offshore controlada, de maneira oculta, por Verônica Serra até o final de 2014, quando foram transferidos para outra conta de titularidade oculta, na Suíça”, indicaram os procuradores.

A denúncia foi montada com base na delação de nove executivos ligados à Odebrecht, inclusive o do grupo, Marcelo Bahia Odebrecht. Nove procuradores subscrevem o documento. Após ela ser apresentada, a Justiça decide se a aceita ou não. Posteriormente, se aceitar, decide se condena ou absolve os réus.