Bolsonaro se reuniu com ao menos 48 políticos e empresários na última semana

Diagnosticado com covid-19 nesta terça-feira, 7, o presidente Jair Bolsonaro se encontrou com ao menos 48 pessoas, entre ministros, deputados, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, empresários e presidentes de times de futebol, nos últimos oito dias, segundo sua agenda oficial. Em alguns desses encontros, o presidente não usou máscaras e apertou as mãos […]

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Diagnosticado com covid-19 nesta terça-feira, 7, o presidente Jair Bolsonaro se encontrou com ao menos 48 pessoas, entre ministros, deputados, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, empresários e presidentes de times de futebol, nos últimos oito dias, segundo sua agenda oficial. Em alguns desses encontros, o presidente não usou máscaras e apertou as mãos ou abraçou alguns dos seus interlocutores.

O período de incubação do novo coronavírus varia de 2 a 14 dias, mas é mais comum que os sintomas se manifestem entre o quinto e o sétimo dia após a infecção, segundo os estudos mais recentes. Ainda não se sabe ao certo a partir de qual dia o paciente pode transmitir a doença, mesmo sem manifestar sintomas, mas diversos estudos já mostraram que o indivíduo pode, sim, repassar o vírus para outras pessoas no período pré-sintomático.

Em um estudo publicado na Nature Medicine em abril, por exemplo, os pesquisadores acompanharam um grupo de 94 pessoas com diagnóstico positivo de covid-19 e verificaram que quase metade (44%) foi infectada por pessoas sem sintomas.

Em algumas das agendas do presidente houve aglomeração de pessoas em ambientes fechados. Na sexta-feira, dia 3, houve um almoço no Palácio da Alvorada com ministros e empresários – também com apertos de mão, abraços e sem máscaras. Articulado pelo presidente Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, o encontro reuniu Luiz Carlos Trabuco, do Bradesco, Francisco Gomes, da Embraer, Rubens Ometto, da Cosan, e Lorival Nogueira, da BRF.

No sábado, 4, Bolsonaro foi à residência do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Todd Chapman, com ministros e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República. Ele não usou máscara e se confraternizou com abraços, de acordo com imagens divulgadas pela Presidência da República. Na noite de segunda-feira, a embaixada informou que Chapman também faria o exame para covid.

Segundo a agenda oficial, o presidente esteve com seis ministros e um secretário especial na segunda-feira, 6. Alguns assessores, como os ministros Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), também realizaram o exame e despacharam no Palácio do Planalto nesta terça-feira.

As reuniões na segunda-feira foram com Paulo Guedes (Economia), Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Levi Mello (Advocacia-Geral da União). A última agenda ocorreu às 16h40 com o secretário especial de Cultura, Mário Frias.

O líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL- GO), também se reuniu com Bolsonaro, mas em um encontro reservado fora da agenda. O parlamentar aguardava os resultados do exame do presidente para se submeter a um teste. Major Vitor Hugo e Bolsonaro almoçaram juntos no Palácio do Planalto em um encontro fora da agenda. O parlamentar entrou na lista de cotados para o Ministério da Educação.

Exame

Bolsonaro revelou nesta terça-feira que contraiu o novo coronavírus. O exame foi feito na última segunda-feira, 6. Ao contrário do que ocorreu nas outras vezes, quando usou codinomes, Bolsonaro utilizou seu próprio nome neste exame.

O presidente já havia realizado três testes para detectar a covid-19. Dois deles, feitos no laboratório Sabin, estavam registrados em nome de outras pessoas, mas continham o CPF e a data de nascimento de Bolsonaro. Um terceiro, feito pelo laboratório Fiocruz, continha apenas “Paciente 05” como identificação, sem nenhum outro dado. O presidente disse que utilizou “codinomes” para fazer os testes e os laboratórios disseram não ter como comprovar que as amostras eram mesmo de Bolsonaro.

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