O anúncio oficial feito por Jair Bolsonaro de sua escolha pelo desembargador Kassio Nunes Marques para a vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) moveu as bases bolsonaristas no Twitter na manhã desta sexta-feira, 2. O movimento Vem Pra Rua, que apoiou Bolsonaro nas eleições em 2018, impulsionou a hashtag #BolsonaroPetista por meio de um vídeo que lamenta a escolha e acusa o mandatário de tomar decisões que lembram os governos do PT. Horas depois da divulgação desse conteúdo, a hashtag alcançou o primeiro lugar entre os assuntos mais comentados no Twitter.

A movimentação contra a escolha por Marques, magistrado indicado por Dilma Rousseff ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), também partiu de políticos da base de apoio do governo. O deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ), que se descreve como “aliado de Bolsonaro” em seu perfil no Twitter, disse que o governo perdeu uma “oportunidade histórica de ter um representante da direita conservadora no STF”. Já o deputado Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP) afirmou que há “poucas chances de criar pilares importantes de mudança e arriscamos apostar em dúvidas”.

Na mesma linha, também se manifestaram contrários à decisão o líder, Marcos Ganime (NOVO-RJ), e vice-líder, Marcel van Hattem (NOVO-RS), do , na Câmara. O deputado federal Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), ligado à igreja evangélica Assembleia de Deus, disse que o presidente desperdiçou metade de suas decisões voltadas ao Judiciário em seu mandato. Em 2021, Bolsonaro terá nova vaga aberta no STF para indicar um novo ministro após a saída de Marco Aurélio Mello.

A frustração do deputado Sóstenes é reverberada por praticamente todas as lideranças evangélicas, que apoiam Bolsonaro. Em 2019, o presidente havia prometido nomear alguém “terrivelmente evangélico” à Suprema Corte, o que não foi concretizado, ao menos nesta primeira indicação de Bolsonaro. Antes mesmo da confirmação de Kassio Marques para a vaga, o líder da igreja Assembleia de Deus em Cristo, Silas Malafaia, iniciou uma campanha contra a indicação em suas redes sociais.

Nesta quinta-feira, 1º, o pastor publicou um vídeo afirmando ser “aliado de Bolsonaro, mas não alienado”, e criticou Marques por suas supostas ligações com o Centrão e o governo da petista Dilma Rousseff. Hoje, Malafaia seguiu atacando a escolha de Bolsonaro. “O PT, toda esquerda, o Centrão, os corruptos e todos os que são contra a Lava Jato agradecem a de Bolsonaro para o STF”, publicou o pastor.

Bolsonaro respondeu às críticas de Malafaia na manhã de hoje, em conversa com apoiadores. “Lamento muito que uma autoridade lá do , que eu prezava muito, está me criticando muito, com videozinho me xingando de tudo o que é coisa. Essa infâmia em especial que essa autoridade lá do Rio de Janeiro está fazendo contra o Kassio é uma covardia. Até porque ele está fazendo isso porque queria que eu colocasse um indicado por ele” Malafaia, por sua vez, rebateu alegando que líderes religiosos e a Frente Parlamentar Evangélica da Câmara “jamais pediram alguma nomeação para o STF”.

Com a enxurrada de críticas vindas de diferentes setores da base de apoio do governo, aliados mais fiéis a Bolsonaro trataram de defender a nomeação de Kassio Marques. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) disse confiar na escolha do presidente, enquanto o parlamentar Daniel Silveira (PSL-RJ) apoia a decisão, apesar de “não ser simpático ao nome do desembargador”.

Na manhã de hoje, Bolsonaro defendeu Marques e disse que qualquer “indicado iria apanhar”. O presidente disse também, sem citar nomes, que está “chateado” com a perda de apoio de aliados que não gostaram da indicação. “Estou chateado sim com o pessoal que me apoia virando as costas.” Bolsonaro já havia respondido a apoiadores que criticaram a nomeação de Marques, em live na noite de ontem (1). “Preferiam o Moro?”, questionou o mandatário