Um dos líderes do Centrão, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP) divulgou uma nota nesta sexta-feira, 15, criticando os “impulsos” do presidente Jair Bolsonaro na condução da crise do novo , que levaram ao pedido de demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich. No Congresso, representantes do grupo já afirmam, nos bastidores, que será muito difícil apoiar Bolsonaro em meio à queda de popularidade. Em outra frente, no entanto, partidos como o PL também intensificaram as negociações para ocupar pastas no Ministério da Saúde.

“Saiu quem não tinha entrado. Nesta sexta, 15, o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração do cargo, mas, não sei se alguém percebeu, já não fazia diferença”, disse Paulinho da Força, como é conhecido o deputado, que preside o Solidariedade. Após afirmar que Teich era constantemente desautorizado por Bolsonaro, Paulinho partiu para o ataque ao chefe do Executivo. “Duvido que alguém consiga fazer o presidente aprender com a ciência e perceber que reduzir o é colocar mais brasileiros na fila de espera por uma vaga na UTI. O Brasil precisa de liderança, mas vai ser difícil encontrar um ministro que seja capaz de lidar, ao mesmo tempo, com a crise sanitária e com os impulsos de Jair Bolsonaro.”

A avaliação é compartilhada por outros partidos que integram o Centrão. “Diante das imposições do presidente, só topará ser ministro da Saúde quem não tiver compromisso com a ciência e nem com a medicina. O pedido de demissão do ministro demonstrou que ele tem”, afirmou o deputado Marcelo Ramos (PL-AM).

Uma hora depois da demissão de Teich, a empresa AP Exata captou que a rejeição a Bolsonaro nas redes sociais chegou a 65% – um aumento de 11 pontos em relação ao período anterior a esse cenário. O presidente vem perdendo apoio nas mídias digitais desde o início do ano, mas enfrentou os piores momentos recentemente, com as saídas de Sérgio Moro, ex-titular da Justiça, e de , que comandava o Ministério da Saúde antes de Teich.

Como informou o Estadão na quarta-feira, o PL de Valdemar Costa Neto deverá ocupar a Secretaria de Atenção Especializada à Saúde do Ministério que estava nas mãos de Teich. A mudança de posto na Secretaria, em meio ao pico da covid-19, ocorre após a demissão de Francisco de Assis Figueiredo, que havia sido indicado para o cargo pelo Progressistas, partido do deputado Arthur Lira (AL).

O PL de Valdemar Costa Neto chegou a negociar nomes para a Secretaria de Vigilância em Saúde, pasta estratégica para formular ações sobre o avanço da covid-19 no Brasil, como orientações de isolamento social. A Secretaria de Atenção Especializada, no entanto, é mais atrativa – porque autoriza o custeio (habilitação) de leitos de UTI em todo o País, além de certificar entidades que fazem serviços complementares ao SUS – e virou o novo alvo do partido.