Pular para o conteúdo
Brasil

Após ataque hacker ao STJ, notas de cursos somem e alunos ficam sem certificado

A invasão hacker ao sistema informatizado do Superior Tribunal de Justiça (STJ), há duas semanas, fez com que dados e informações de alunos que realizam cursos online na Corte sumissem. Os estudantes, a maior parte deles advogados, tiveram as notas de provas bloqueadas pelo invasor e todo o registro de atividades realizadas até a data […]
Arquivo -

A invasão ao sistema informatizado do Superior Tribunal de Justiça (STJ), há duas semanas, fez com que dados e informações de alunos que realizam cursos online na Corte sumissem. Os estudantes, a maior parte deles advogados, tiveram as notas de provas bloqueadas pelo invasor e todo o registro de atividades realizadas até a data do ataque desapareceram do sistema do tribunal, que não conseguiu recuperar essas informações.

Os cursos ofertados pela Escola Corporativa do STJ (Ecorp) são gratuitos e abertos a quem tiver interesse. As aulas são ministradas à distância, por meio de uma plataforma online, e não valem como pós- ou qualquer tipo de especialização. Servem apenas para aprimoramento profissional, por isso o público alvo costuma ser advogados que atuam na Corte.

No dia 3 de setembro deste ano, por exemplo, o tribunal abriu 500 vagas para um curso denominado “A eficiência dos precedentes judiciais no STJ”. Na última quarta-feira, 18, os inscritos foram surpreendidos com um e-mail informando o cancelamento das aulas e que não foi possível recuperar os dados com as atividades já realizadas pelos alunos. Dessa forma, os certificados não teriam como ser emitidos.

A advogada Lílian Priscila dos Santos Borba estava inscrita no curso. Na quarta-feira, 18, ela recebeu, por e-mail, o seguinte aviso do STJ: “Caros alunos, é com pesar que lhes trago más notícias”, iniciava a mensagem.

Como atua na Corte em processos na área criminal, Lílian chegou a cogitar que a mensagem pudesse ter relação com o possível vazamento de dados de clientes, mas logo percebeu que o comunicado era referente ao curso em que, dias antes, ela havia se inscrito.

“Infelizmente o curso teve de ser cancelado pois não houve como recuperar os dados das atividades realizadas ou notas dos alunos Pedimos aos alunos que conseguiram pegar o certificado que nos enviem o PDF para que possamos aferir o QR code e emitir um novo certificado com as informações corretas. Não haverá como emitir certificado para quem não chegou a emitir o documento”, concluía o aviso disparado para os alunos.

Para conseguir se inscrever, a advogada precisou fornecer seus dados pessoais e diversas informações adicionais ao sistema do STJ. Tudo foi sequestrado pelo hacker por meio de criptografia. “Essa situação é danosa não só pelo potencial de acesso aos dados, mas pelo silêncio dos envolvidos. É muita informação sensível”, diz ela, criticando a “falta de transparência do STJ” com relação aos dados que foram roubados pelo hacker.

O curso sobre precedentes judiciais foi disponibilizado para o público em geral e seria realizado na modalidade autoinstrucional (sem tutoria). No site do STJ, consta que o curso tinha como objetivo tornar os participantes “aptos a aplicar conhecimentos teóricos e práticos sobre o sistema de precedentes estabelecido pelo Código de Processo Civil de 2015, sob a perspectiva de atuação do STJ na formação, divulgação e publicidade de precedentes qualificados”.

As aulas ficaram disponíveis no portal do Centro de Formação e Gestão Judiciária do STJ, de 5 a 30 de outubro. Para ser aprovado, o participante devia alcançar, no mínimo, 70% do total dos pontos das atividades avaliativas. Mesmo quem se esforçou para obter as notas, no entanto, não poderá obter o certificado, já que todos os registros do sistema desapareceram.

Por ironia, nos comunicados do STJ sobre o curso estão relacionados procedimentos rígidos que deveriam ser adotados por parte dos estudantes, para assegurar a inviolabilidade cibernética da plataforma online. Os alunos deveriam realizar diversos procedimentos de segurança, como instalação de um navegador específico, além de adicionar o e-mail em que receberiam as comunicações das aulas na lista de endereços “confiáveis”, caso o aluno utilize algum tipo de antispam na caixa de correio.

A abriu um inquérito para apurar o ataque hacker que paralisou as atividades do STJ no dia 4. Na ocasião, o acesso a processos e informações do tribunal foram bloqueados, afetando cerca de 12 mil julgamentos. A Corte só voltou ao trabalho normal uma semana depois, após recuperar os dados em seus sistemas de backups. O Estadão procurou a assessoria do STJ, que ainda não se manifestou sobre o assunto.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais
invasão

Dez pessoas são presas após invasão de terreno particular no Centenário

ação moradores

Mais de 500 moradores participam de ação social no Zumbi dos Palmares

acidente pessoas

Mulher retirada de ferragens em acidente na MS-134 foi em vaga zero para Dourados

cineasta

Morre cineasta Jean-Claude Bernardet

Notícias mais lidas agora

Com inspeção vencida, 57 ônibus do Consórcio Guaicurus podem ser retirados das ruas de Campo Grande

senado mulher

Fichas criminais de agressores podem virar dado público para proteger mulheres em MS

VÍDEO: Guardas espancam e arrastam jovem que estava amarrado em abordagem

flamengo

São Paulo é apático e inicia nova ‘Era Crespo’ com derrota para líder Flamengo no Maracanã

Últimas Notícias

Esportes

Botafogo resolve no 2º tempo e bate o Vasco em volta ao Brasileirão após o Mundial de Clubes

Com o resultado, o Botafogo chegou a 21 pontos, em quinto lugar, com um jogo a menos

Polícia

Polícia encontra grávida carbonizada na fronteira de MS

Feto tinham cerca de 5 meses e também chegou a ficar carbonizado

Brasil

Pesquisador indígena cataloga 150 plantas medicinais de seu território

Material serve para tratar diabetes, hipertensão e verminose

Brasil

Planejamento da segurança em parques reduz riscos, mas não os elimina

ICMBio não vê falhas sistêmicas que possam ter causado morte de menina