Pesquisadoras da FURG (Universidade Federal do Rio Grande) desenvolveram um pão elaborado com farinha de barata desidratada na receita. Os insetos usados na pesquisa são as baratas cinéreas (Nauphoeta cinérea), de origem africana, produzidas em cativeiro e próprias para consumo humano, ao contrário da barata doméstica (Periplaneta americana) comum.

As informações foram divulgadas pela BBC Brasil nesta terça-feira (2), mas a pesquisa já havia sido apresentada no Congresso Brasileiro de Engenharia Química, de 2016. De acordo com o estudo, o Brasil ocupa o quinto lugar dentre os países de maior consumo per capita por ano de pão, e a tendência é de que esse consumo aumente devido à grande diversidade de pães que vem sendo apresentados ao consumidor.

As pesquisadoras desenvolveram três tipos de pão enriquecido com farinha de barata que apresentaram mais proteína do que o pão branco comum. O pão enriquecido também foi bem aceito sensorialmente.

A escolha da barata para o estudo tem duas razões especiais: além de ser uma importante fonte proteica (tem cerca de 70% de proteínas, contra 50% da carne bovina), a barata existe há milhões de anos e preservou suas características genéticas mesmo com todo processo de evolução.

“Alguma coisa muito boa elas possuem para passarem pela evolução sem precisar se adaptar aos ambientes”, afirma a engenheira de alimentos Andressa Jantzen da Silva Lucas, uma das responsáveis pela pesquisa, ao lado da engenheira de alimentos Lauren Menegon de Oliveira, à BBC Brasil.

Depois do sucesso com o pão de farinha de barata, as engenheiras Andressa e Lauren continuam a pesquisa sobre os benefícios dos insetos na alimentação humana. Elas incluíram outros dois insetos na análise: o grilo preto (Gryllus assimilis) e o tenébrio comum (Tenébrio molitor), um tipo de larva do besouro.

Além dos pães, as pesquisadoras estão testando a fabricação de bolos e barras de cereais.