Após descobrirem que o PCC (Primeiro Comando da Capital) mantém uma ‘Casa de Apoio’ em Campo Grande para familiares dos membros da facção que veem à Campo Grande, o MP-SP (Ministério Público) por meio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de São Paulo, prendeu 43 pessoas nesta terça-feira (7) por associação ao tráfico, suspeitas de elaborarem um “plano de expansão” para o PCC pelo país.

As denúncias fazem parte da Operação Perseus da promotoria de Cananeia e do Gaeco de Santos. Em 2017, foi identificado que o PCC tinha planos de expansão para o país e apontou regiões do litoral paulista outra estratégia para controlar os pontos de venda de drogas.

Conforme interceptações telefônicas durante a operação, os criminosos tinham receio da chegada de uma facção rival, a FDN (Família do Norte) no Estado por meio daquela região.

A ameaça de invasão da facção FDN em SP não foi o principal motivo para a expansão do PCC na região litorânea, mas parte da estratégia da organização criminosa para aumentar sua rede de atuação no país.

Investigação

A investigação teve início em fevereiro de 2017 a partir de dois traficantes presos. Ao longo do primeiro ano, 12 pessoas foram presas em flagrantes ou prisões preventivas. Nesta terça-feira (7), outros 15 foram detidos. No dia 26 de julho, um homem acusado de ser o braço direito do chefe do PCC na região também já havia sido detido pela mesma operação. Ainda há 15 foragidos.

Segundo o UOL, existem dois perfis de traficantes na região do Vale do Ribeira. Os chamados de “raízes de quebrada”, que, apesar de não pertencerem ao PCC, atuam no local há muitos anos e os integrantes da facção criminosa, que tentaram comprar os pontos de tráfico locais ou tomá-los à força.

Presos

Entre os presos pela operação, estão Fabiano Robson dos Santos Freitas, 34, apelidado de Fênix, chefe da facção no Vale do Ribeira e que prestava apoio à facção na Baixada Santista, e Diego da Luz Barbosa, 35, o Da Hui, acusado de aplicar as punições determinadas pela cúpula do PCC na Praia Grande.

Além deles, outros dois acusados de serem aliados diretos de Fênix também foram presos: Fábio Henrique Etinge, 44, o Palhaço, que estava foragido havia 12 anos. Apesar de não ser batizado no PCC, ele era sócio de Fênix em pontos de venda de drogas, morava em Santos e vivia com documentos falsos.

Outro aliado de Fênix preso a partir da investigação é Alais Vinícius dos Santos Silva, 31, o Neguinho, acusado pela Promotoria de ser o braço direito de Fabiano Freitas na gestão do tráfico de drogas na Ilha Comprida, no litoral de São Paulo.

Interceptações telefônicas apontam que Fênix era o responsável por promover os batismos. Além disso, ele foi avisado por integrantes do PCC de que havia a suspeita de que membros da facção criminosa FDN (Família do Norte) haviam se infiltrado em cidades do Vale do Ribeira, sob responsabilidade de Fênix.

“Fabiano se comprometeu a determinar que membros da disciplina procedessem à apuração dos fatos. Além disso, expôs que seu plano de expansão da atuação do PCC no Vale do Ribeira alcançaria em breve os municípios de Itariri e Pedro de Toledo, cidades que o ‘sintonia geral’ considerava carentes (com baixa representatividade da organização criminosa), o que poderia dar espaço a outras facções”, aponta trecho da denúncia.

“Eu vou pedir para disciplina ‘tá’ encostando lá com o apoio dos outros irmão que, como essas cidade ‘tá’ carente aí, parceiro… Itariri, ‘tá’ ligado, moleque? Pedro de Toledo… Tudo carente, ‘tá’ ligado, irmão? Já aproveitar também aí, parceiro, se você ver uns companheiro aí que é ‘mil grau’ lá, boy, ‘tá’ ligado? Que tem umas condições aí de estar arcando com os compromissos nossos, fechando com as nossas obrigações, certo, irmão? Por meio aí, da família… Para nós ‘tá’ batizando lá, entendeu, irmão?!”, disse Fênix em ligação, segundo relatório.

Os acusados negaram as denúncias para os investigadores. A reportagem não conseguiu localizar suas defesas.

Mandados de prisão e presos em São Paulo Capital

A Polícia Civil da cidade de São Paulo, realizou também nesta terça-feira (7) uma operação e prendeu ao menos cinco suspeitos de integrarem o PCC na Capital paulista. Ainda haviam 13 mandados de prisão sendo cumpridos durante a tarde na região do Bairro Morumbi, região nobre da cidade.

Segundo o delegado Antônio Sucupira, do 89º DP, o principal alvo da operação foi Willian Ferreira de Oliveira, o Zoreia, suspeito de ser um dos fornecedores do PCC em um esquema de drogas. “Ele foi preso na Cidade Tiradentes, dentro do apartamento dele. Está sendo autuado em flagrante porque a gente.encontrou drogas na casa. Nesse flagrante, também vai entrar o crime de associação”, disse o delegado.