MEC e editora desmentem Bolsonaro sobre livro e “kit gay”

O Ministério da Educação (MEC) e a editora responsável pelo livro ‘Aparelho sexual e Cia’, a Companhia das Letras, desmentiram o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) que, durante entrevista ao Jornal Nacional (JN) na última terça-feira (28), disse que o livro fazia parte de um suposto “kit gay”, e que estaria disponível nas bibliotecas […]

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O Ministério da Educação (MEC) e a editora responsável pelo livro ‘Aparelho sexual e Cia’, a Companhia das Letras, desmentiram o candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL) que, durante entrevista ao Jornal Nacional (JN) na última terça-feira (28), disse que o livro fazia parte de um suposto “kit gay”, e que estaria disponível nas bibliotecas das escolas públicas do país.

Em nota oficial, o MEC se manifestou dizendo que “não produziu nem adquiriu o livro”. O ministério informou, ainda, que “não há qualquer vinculação entre o ministério e o livro, já que a obra tampouco consta nos programas de distribuição de materiais didáticos”.

Em 2013, acusações semelhantes aconteceram com relação ao livro estar vinculado ao MEC, contudo, na época, o MEC esclareceu a situação e respondeu à imprensa oficialmente, informando que o livro não consta do Programa Nacional do Livro Didático, tampouco do Programa Nacional Biblioteca da Escola.

A Companhia das Letras, editora do livro indicado pelo candidato do PSL, também se manifestou quanto às alegações feitas durante a entrevista ao JN e informou que apenas procura abordar o tema entre os jovens a fim de muni-los de informações corretas.

Sobre a distribuição em escolas públicas, a editora, em nota, afirmou que “o livro nunca foi distribuído a alunos da rede pública de Ensino. A única compra feita por um órgão público aconteceu em 2011: foram 28 exemplares, que seriam disponibilizados em bibliotecas públicas (não escolares, nem infantis)”.

Em suas redes sociais a editora procurou, mais uma vez, explicar o conteúdo do livro. Veja:

O Programa Nova Escola, uma das responsáveis pelo projeto ‘Escola Sem Homofobia’, também procurou esclarecer os fatos em seu site oficial, e informou que o livro não faz parte do documento elaborado pelo programa.

Em nota, o Nova Escola afirma que o documento não chegou a ser compartilhado nas escolas porque o projeto foi vetado pelo governo em 2011.

Programa Nova Escola: ‘Escola Sem Homofobia’

Um projeto foi lançado pelo governo federal em 2004, denominado ‘Brasil sem Homofobia’, que tinha como finalidade combater a violência e o preconceito contra a comunidade LGBT. Porém, o projeto foi suspenso em 2011, depois que grupos conservadores afirmaram que o programa incentivada o ‘homossexualismo e a promiscuidade’.

Com o cancelamento do projeto, a ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) e o programa Nova Escola elaboraram um caderno com informações e conteúdos preventivos.

A associação afirmou que tomará as medidas cabíveis contra o presidenciável a respeito do teor da entrevista.

O livro

A obra foi lançada em 2007, pela editora Companhia das Letras. A abordagem é voltada a orientação sexual de crianças e adolescentes, além de tratar de outras questões relacionadas a puberdade.

O livro já foi publicado em 10 línguas, e teve mais de 1,5 milhão de exemplares vendidos e expostos.

Segundo o setor infantil da editora, o ‘Sopa de Letrinhas’, a obra tenta falar sobre temas que estão presentes na vida de qualquer cidadão, tais como “Como é estar apaixonado? Como se beija na boca? Por que crescem pelos e espinhas pelo corpo durante a puberdade? O que é masturbação? Como nascem os bebês? Como evitar a gravidez precoce? O que são doenças sexualmente transmissíveis? O que é pedofilia?”

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