BBCBrasil

Críticas a Jair Bolsonaro, teorias sobre a maçonaria, fotos em manifestações de esquerda e projetos de lei criados por ele mesmo. Assim é o perfil de Adelio Bispo de Oliveira na rede social Facebook.

Na tarde desta quinta-feira, Oliveira foi preso em flagrante depois de ter sido apontado pela polícia como principal suspeito de ter esfaqueado o candidato à presidência pelo PSL em Juiz de Fora, em Minas Gerais. Segundo a polícia, ele confessou o crime. A BBC News Brasil não conseguiu contatar seu advogado.

Oliveira é solteiro, de 40 anos, e morador de Juiz de Fora. Ele foi filiado ao PSOL entre 2007 e 2017. Segundo o TSE, a filiação foi cancelada “a pedido do eleitor”.

Seu perfil no Facebook é recheado quase exclusivamente por publicações sobre política e questões nacionais.

Nos últimos meses, Oliveira fez diversas críticas a Bolsonaro, a quem chamava de “babaca” e a seus apoiadores, que ele classificou como “analfabetos”. “A aprovação de Bolsonaro é maior entre os menos estudados, ou seja só analfabetos e semi analfabetos votam em Bolsonaro”, escreveu em 18 de julho.

Segundo a polícia, ele afirmou que atacou o candidato por “divergências pessoais” e que não era ligado a nenhum partido.

Em 31 de maio, ele publicou imagens em que participava de uma manifestação com críticas ao presidente Michel Temer (MDB). Em outras postagens, ele atacava a ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Aparece em uma imagem ao lado de uma manifestante que segurava uma placa com “Renuncia Temer”. Em outra, um manifestante segura um cartaz com a frase “Políticos Inúteis”. Em uma terceira imagem, dois manifestantes estavam vestidos com camisas a favor da soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba.

Temer também é duramente criticado na página de Oliveira. Em um post, ele diz que o presidente pretendia privatizar a casa da moeda. “Há 3 estratégias com isso. 1) dar à iniciativa privada maçônica absoluto controle do sistema monetário brasileiro. 2) ajudar as operadoras de cartões como Visa e Mastercar (sic) e outras a ampliarem seus lucros e influências na economia e sistema monetario nacional. 3) agilizar os meios de dinheiro eletrônico para facilitar o implante do biochip nos brasileiros.”

Mas a maçonaria era alvo preferido de Oliveira. Textos confusos do suspeito, em várias ocasiões, tentavam ligar políticos e problemas sociais do Brasil à sociedade secreta. “Até 2012, o índice de assassinatos em Montes Claros era terrível, teve queda de cerca de 50% depois que eu comecei a acusar a maçonaria de estar por trás deste genocídio”, escreveu em 9 de julho.

Em de 18 de agosto de 2014, ele se posicionou ser a favor da redução da maioridade penal para 16 anos, projeto que estava em discussão na época.

“Poderiam colocar os governantes do Brasil no paredão, e, claro, isso para a polícia seria bom, pois (a polícia) já está cansada de prender hoje, e a justiça soltar amanhã”, finalizou.

Também em 2014, Oliveira fez uma série de postagens com projetos de leis criados por ele mesmo. Um deles era o pedágio militarizado: “Como no caso da fronteira brasil Paraguai, Brasil, Argentina, Venezuela etc… Porém, como eu ja havia falado também sobre o uso definitivo da engenharia do exército na construção ou manutenção das rodovias federais, imagino que o proprio exército é (sic) capaz de explorar o pedágio em todas as rodovias federais do Brasil”.

Em outro post, de 8 de julho de 2014, ele diz que é perseguido por um ex-prefeito de Uberaba. “Pelas leis maçônicas, ele é que deve ser beneficiado, já que foi por causa dele que estes partidos políticos tomaram conhecimento sobre mim e meus projetos. Nada de errado até aí, se eu e ele fôssemos amigos, mas este canalha mandou pistoleiros atrás de mim, bem como pediu minha cabeça em um tribunal da maçonaria”.

Também na rede social, Oliveira escreveu a seguinte frase no item sobre seu perfil: “Não importa em que partido tu militas, nem a ideologia que acreditas ou fé que tu praticas, se você tens prazer no triunfo da Justiça então somos irmãos!!!”