Temer é apontado como líder da organização criminosa

Em denúncia apresentada à Justiça Federal, a Procuradoria da República em Brasília acusa o coronel João Baptista Lima Filho e o advogado José Yunes, amigos do presidente, de atuar como arrecadadores do “líder da organização criminosa”, Michel Temer.

A acusação de organização criminosa contra os dois e mais sete aliados de Temer foi aceita na segunda-feira (9) pela 12ª Vara do Distrito Federal, que abriu ação penal contra os envolvidos no chamado “Quadrilhão do MDB”.

A denúncia se baseia em diversas delações premiadas, que apontaram Lima e Yunes como operadores de subornos para o presidente.

Conforme os procuradores, Yunes foi o responsável por receber recursos ilícitos e repassar para integrantes do partido. Um dos episódios citados foi a entrega ao advogado, pela Odebrecht, de um pacote com pagamentos acertados numa reunião prévia, no Palácio do Jaburu, com o próprio Temer. Os recursos seriam destinados ao financiamento de campanhas em 2014.

Em depoimento, Yunes admitiu ter recebido um “pacote” em seu escritório, em São Paulo, mas que desconhecia o conteúdo, a origem e a destinação do objeto, que repassado ao corretor Lúcio Bolonha Funaro.

O próprio Funaro, em sua delação, confirmou a operação. Além disso, declarou ter conhecimento de que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ), também denunciado no “Quadrilhão”, mandou um de seus auxiliares “entregar propina a Temer por meio de Yunes”.

A denúncia também cita conversa entre o empresário Joesley Batista e o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (MDB-PR), no qual o dono da JBS diz que Yunes teria atuado como intermediário de propina paga pela empresa.

Para o MPF, “na condição de advogado de reputação aparentemente ilibada, acima de qualquer suspeita”, Yunes tinha importância no grupo criminoso supostamente chefiado por Temer como “recebedor e distribuidor de propina”. Caberia a ele ocultar a origem dos recursos ilícitos e dificultar seu rastreamento, além de possibilitar a divisão dos valores para os demais membros da organização.

A Procuradoria afirma que o coronel Lima se agregou ao núcleo financeiro da organização, com o objetivo de auxiliar no desvio de recursos de órgãos como a Petrobras, a Caixa Econômica Federal, os ministérios da Integração e da Agricultura, entre outros.

Os investigadores citam depoimentos de colaboradores da JBS, segundo os quais Lima teria recebido R$ 1 milhão da J&F Investimentos, holding que controla a empresa, a pedido de Temer.

A denúncia mencionam ainda que, na sede da Argeplan, empresa do coronel, foram encontrados documentos que registram contabilidade de campanhas de Temer.

As defesas de Yunes e Lima informaram que vão se pronunciar após tomar conhecimento integral da denúncia. Temer e seus dois amigos negam envolvimento nos ilícitos apontados.​

(Foto: Arquivo/Marcello Casal Jr/Agência Brasil)