Cunha nega qualquer participação em esquemas ilegais

Em depoimento à Justiça Federal nesta terça-feira (4), o ex-presidente da Odebrecht e delator Marcelo Odebrecht afirmou ter conhecimento de que o presidente (PMDB) fazia parte do grupo de aliados mais próximos dos ex-presidentes da Câmara (PMDB-RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).Temer integrava grupo de Cunha na Câmara, diz Marcelo Odebrech

Cunha e Alves são ex-deputados hoje investigados por fraudes na liberação de empréstimos do fundo de financiamento do FGTS, o FI-FGTS.

Marcelo foi ouvido em audiência como testemunha, convocado pela defesa do corretor Lúcio Funaro, na ação que acusa Cunha e Alves por um esquema de corrupção na gestão do fundo estatal.

“Cláudio [Melo Filho] dizia pra mim que Michel Temer fazia parte desse grupo”, disse Marcelo, respondendo à pergunta de procurador da República Anselmo Henrique Cordeiro Lopes sobre se o ex-executivo tinha conhecimento de quem integrava o grupo de Cunha e Eduardo Alves na Câmara.

Segundo Marcelo, ele obteve essa informação do ex-executivo Cláudio Melo Filho, responsável pelas relações da empreiteira com o mundo político de Brasília.

A denúncia contra Cunha e Alves teve como base as investigações da Operação Sepsis. Segundo o MPF (Ministério Público Federal), entre os anos de 2011 e 2015, o então deputado Eduardo Cunha atuou em um esquema de cobrança de propina a empresas beneficiadas pela Caixa Econômica Federal e ao FI-FGTS.

O esquema teria contado com a participação de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Loterias da Caixa Econômica Federal que posteriormente assinou um acordo de delação premiada.

Além de deputado constituinte, Temer exerceu ainda outros cinco mandatos na Câmara dos Deputados entre 1993 e 2011.

No início de junho, a Justiça Federal expediu ordens de prisão contra Cunha e Alves com base nas investigações sobre o FI-FGTS.

Eduardo Cunha tem negado o envolvimento em qualquer prática ilegal. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a defesa de Henrique Alves.