Surto de febre amarela pode acelerar extinção de macacos em risco
Mais de 5,5 mil primatas já foram mortos, diz Ministério da Saúde
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Mais de 5,5 mil primatas já foram mortos, diz Ministério da Saúde
Especialistas temem que o recente surto de febre amarela silvestre no país, o maior já enfrentado pelo Brasil, possa acelerar a extinção de espécies de macacos já ameaçadas. Até o momento, quase 5,5 mil macacos morreram por suspeita de febre amarela desde o início do surto.
Os dados são do Ministério da Saúde, e são considerados baixos, uma vez que muitas mortes não podem ser contabilizadas por ocorrerem no interior das matas mais densas, longe do contato humano.
O surto teve pouco impacto sobre as zonas mais urbanizadas do Brasil e as grandes cidade, mas atingiu principalmente as regiões onde vivem os primatas mais ameaçados de extinção.
Entre humanos, a maior epidemia da doença em décadas no Brasil deixou 426 mortos. O mais preocupante agora, para especialistas, tem sido a rápida expansão geográfica do surto, atravessando florestas e matas.
Macacos como o mico-leão-dourado, o muriqui-do-norte e os bugios, ameaçados de extinção, moram em regiões afetadas. “Isso pode ser o tiro de misericórdia, que leve de fato a extinções locais”, diz o primatólogo Leandro Jerusalisky.
Leandro é coordenador do CPB (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros). Ele explica que 70% dos primatas da Mata Atlântica correm risco de extinção atualmente, e que os impactos do surto só poderão ser avaliados com o tempo.
Jerusalisky também explica que o controle das epidemias executado pelo governo Federal se retém aos casos humanos, utilizando os macacos apenas como detector de localização do vírus da febre amarela.
No Espírito Santo, mais de 1,2 mil macacos já morreram, explica o primatólogo Sérgio Lucena, professor de zoologia da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). O número é muito alto, considerando-se o tamanho pequeno do Estado.
Ele relembra que os macacos são ainda vítimas da ignorância das pessoas, que consideram que o mesmo pode transferir a doença para os humanos e matam os animais – o que não ocorre, já que o vetor da febre amarela é o mosquito.
“Os primatas são as principais presas dos mosquitos na febre amarela silvestre”, explica Lucena. “Se você mata os macacos, os mosquitos adaptados a picá-los vão procurar o ser humano”, afirma.
(com supervisão de Evelin Cáceres)
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