Janot criticou tentativas de barrar criação de investigação junto à Argentina

O procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, criticou as tentativas do governo, por meio do Ministério da Justiça, de comprometer “toda a estratégia do combate regional à corrupção”, em entrevista ao jornal Estado de S. Paulo, concedida nesta segunda-feira (31).

O procurador reclama das tentativas do governo de criar “obstáculos” para a criação de um grupo de trabalho conjunto com o Ministério Público Federal da Argentina para investigar crimes cometidos no âmbito da Odebrecht.

Desde junho os MPFs brasileiro e argentino tentam criar a equipe conjunta de investigação para os crimes relacionados à Lava-Jato e à Odebrecht. Pelo acordo assinado entre os órgãos, procuradores de ambas as entidades iriam trocar informações a respeitos das investigações.

Segundo o MPF brasileiro, “as informações e qualquer outro meio de prova obtido em virtude da atuação da ECI (equipe conjunta de investigação) tramitarão entre os membros da equipe e poderão ser utilizados nas investigações”.

Entretanto, o Ministério da Justiça afirma que não é obrigado a cumprir o acordo assinado entre os órgãos. “Com o devido apreço à reconhecida dedicação dos MPFs da Argentina e do Brasil, o ato entre eles firmado não vincula o Estado Brasileiro”, declarou em nota.PGR critica governo brasileiro por 'comprometer' combate à corrupção

Esta não é a primeira vez que o Ministério da Justiça cria impeditivos para a criação de grupos de trabalho conjuntos entre investigadores brasileiros e estrangeiros. Em janeiro, foi a vez da Suíça voltar atrás com uma tentativa de atuar junto com o MPF brasileiro.

Em uma troca de e-mails, o governo brasileiro apontou uma série de exigências para o início das investigações conjuntas, como nome de suspeitos e lista de potenciais alvos das investigações. As exigências soaram estranhas pela Suíça, que não acatou os pedidos.