Ao mesmo tempo, contas no exterior eram esvaziadas e canceladas

O empreiteiro Marcelo Odebrecht montou um “plano de fuga” de funcionários do setor de propinas da empreiteira em meados de 2014, temendo o confisco de informações e da prisão de executivos decorrentes da Lava-Jato.

As informações constam em uma delação premiada de Fernando Migliaccio, um dos responsáveis pelo departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht – o setor que pagava propina a parlamentares. Segundo Migliaccio, foram esvaziados U$ 25 milhões de contas do exterior antes que os executivos da Odebrecht começassem a ser presos. 

“Em meados de 2014, pouco antes de julho, houve a decisão definitiva de Marcelo Odebrecht para que todas as pessoas envolvidas no setor de Operações Estruturadas saíssem do Brasil”, explica o executivo. 

Marcelo Odebrecht teria pedido que funcionários “escolhessem o local para onde se mudariam, mas que fosse de imediato”, de acordo com Migliaccio. Apenas duas funcionárias se recusaram a sair do país. As fugas teriam auxílio financeiro da empreiteira.Odebrecht pediu que executivos fugissem do Brasil para escapar de prisões

“O auxílio financeiro compreendia desde a obtenção do visto até o pagamento de despesas de moradia e permanência no exterior”, explicou Migliaccio. Mesmo sem boa parte dos funcionários, o setor de propinas continuou operando até o início de 2015.

Ao mesmo tempo que os funcionários fugiam, a Odebrecht, iniciou um processo de encerramento de cerca de 30 contas no exterior utilizadas para pagamentos ilegais. “Os saldos remanescentes seriam devolvidos para a Odebrecht”, explicou o executivo.

A maioria das contas estava na Áustria e em Antígua, onde boa parte dos U$ 25 milhões resgatados se encontravam. Contas em Portugal e na Suíça, entretanto, já estava bloqueadas ou indisponíveis.

(com supervisão de Evelin Cáceres)