Estado de saúde da criança de 6 anos é estável
A menina de 6 anos, baleada na noite desta quarta-feira (1) durante um ocorrência policial em uma favela da Vila Prudente, zon leste de São Paulo, ainda aguarda a remoção do projétil nesta quinta-feira (2), após ter sido deslocada entre dois hospitais.
Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, o projétil não atingiu órgãos, mas ficou alojado em um músculo do ombro. O quadro da menina é estável, não corre risco de morrer e está consciente.
De acordo com o jonal “O Estado de S. Paulo”, a garota foi internada no Hospital João 23, na Mooca, na noite de quarta. Durante a madrugada, foi levada para o Hospital Municipal de Tatuapé, também na zona leste, para fazer uma limpeza cirúrgia. A secretaria explicou que os deslocamentos são um procedimento normal. Em seguida, a criança retornou ao João 23.
Na manhã desta quinta, a menina foi novamente levada ao hospital de Tatuapé para outra limpeza cirúrgica e permanecia no local até 10h30 (horário de Brasília). Ainda de acordo com a pasta, ela vai fazer uma cirurgia, mas não há previsão do horário. O procedimento depende de uma avaliação médica.
A secretaria nega que haja problemas de vagas na unidade hospitalar e ainda informa que a criança já tem vaga garantida na unidade da Mooca, onde foi internada. Caberá ao médico avaliar se é necessária a transferência.
A polícia instaurou um inquérito para investigar de onde partiu o projétil que atingiu a garota.
Para a mãe, a menina contou que quem disparou foram os policiais militares e que eles negaram socorro. A avó contou uma versão parecida.
“Do jeito que eles viraram já foram atirando. Eles não respeitaram, não queriam saber o que tinha na rua, já foram atirando… começaram a atirar e eu me apavorei e ela gritou: ‘vó, está doendo, está doendo’. E eu caçava no braço. Quando eu passei a mão nela estava pingando sangue. Aí eu comecei a gritar por eles [policiais], me ajuda. Eu falei: me ajuda. E eles: vai lá pra frente, se vira”, disse Maria Helena Pereira Rodrigues.
A Polícia Militar disse que os policiais estavam em patrulhamento de rotina na comunidade e foram agredidos durante uma abordagem, mas negam que tenham atirado.
“O que chegou para nós e ainda precisa ser confirmado é que a criança foi atingida por uma arma de fogo – o que precisa ser confirmado. O que chegou para nós é que os policiais não revidaram os disparos que foram contra eles. O que chegou para nós até agora é que não houve disparo de arma de fogo”, disse o major Miguel Elias Daffara, da PM.
Depois que a menina foi baleada, moradores da região começaram um protesto por volta das 23h.
De acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), moradores atearam fogo em entulhos na Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello, na altura do cruzamento com a Rua Dianópolis. O ato seguiu até a Rua Saquarema. Houve confronto entre policiais e manifestantes. O protesto começou por volta das 19 horas e foi terminar somente à 0h56.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública, a menina foi atingida no ombros após um homem atirar em direção aos PMs na favela, durante uma ocorrência policial. A polícia civil instaurou um inquérito no 56º Distrito Policial (Vila Alpina) para apurar de onde partiu o disparo que atinigiu a criança.
“A SSP esclarece que todas as circunstâncias relativas ao fato são objeto de apuração tanto pela Polícia Civil, quanto pela Militar”, disse a pasta. As armas dos PMs foram apreendidas e o projétil será encaminhado para confronto balístico.
“A PM esclarece que os policiais que atenderam a ocorrência informaram que patrulhavam a região quando um homem atirou contra eles. Segundo eles, o tiro ricocheteou e atingiu uma criança, que correu em direção a avó. Os PMs afirmaram que tentaram socorrê-la. Contudo, moradores da comunidade começaram a arremessar objetos contra eles e tentaram agredi-los. Assim, os policiais entregaram a criança para a avó e solicitaram apoio. Os PMs cercaram o local para tentar localizar e prender o criminoso”, informou a Secretaria em nota.