Moro determinou a quebra do sigilo dos interrogatórios

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, quebrou o sigilo dos interrogatórios de uma ação penal da Lava Jato que envolve o ex-ministro Antônio , o ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outros 13 réus, nesta quarta-feira (12).

O processo apura se Palocci recebeu propina para atuar em favor do Grupo Odebrecht, entre 2006 e 2013. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o ex-ministro também teria participado de conversas sobre a compra de um terreno para a sede do Instituto Lula, que foi feita pela Odebrecht.

Em depoimento, Marcelo Odebrecht detalhou alguns codinomes utilizados em planilhas do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, apontado pela força-tarefa da Lava Jato como o departamento de pagamentos de propinas da empresa. “Italiano”, por exemplo, se referia a Palocci, segundo Marcelo.

O codinome apareceu em planilhas do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, apontado pela força-tarefa da Lava Jato como o departamento de propinas da empresa. A relação entre o codinome e o político já havia sido apontada em outros depoimentos, como do ex-executivo e delator Márcio Faria que disse, várias vezes em depoimento, que Palocci era o Italiano das planilhas.

Marcelo Odebrecht disse ainda que o codinome “seminarista” se refere a Gilberto Carvalho. Carvalho é ex-chefe de gabinete do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O ex-presidente do grupo também falou em seu depoimento sobre o codinome “Feira”. O apelido, segundo ele, se refere ao marqueteiro João Santana.

“Como já disse anteriormente, não deve o Judiciário ser o guardião de segredos sombrios. Além disso, a publicidade previne vazamentos ilegítimos, lamentáveis e de difícil controle”, disse Moro ao levantar o sigilo da ação.

Palocci responde pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo. Ele está preso desde o dia 26 de setembro do ano passado e atualmente está detido na carceragem da Polícia Federal (PF), na capital paranaense. Ele foi ministro da Casa Civil no governo Dilma Rousseff e ministro da Fazenda de Lula – ambos do Partido dos Trabalhadores (PT).

A denúncia trata de pagamentos feitos para beneficiar a empresa SeteBrasil, que fechou contratos com a Petrobras para a construção de 21 sondas de perfuração no . O caso foi delatado pelo ex-gerente de Serviços da Petrobras, Pedro Barusco.

As investigações mostram que o valor pago pela Odebrecht a título de propina pela intermediação do negócio chegou a R$ 252.586.466,55. Esse valor foi dividido entre as pessoas que aparecem na denúncia. Em troca disso, a empresa firmou contratos que, somados, chegaram a R$ 28 bilhões.