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Brasil

Frigoríficos investigados vendiam carne vencida no Brasil e no exterior

Irregularidades foram descobertas pela Operação Carne Fraca
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Irregularidades foram descobertas pela Operação Carne Fraca

Ao menos um dos frigoríficos investigados na Operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira (16), comprava carne podre e disfarçava o sabor com ácido ascórbico. A informação está na decisão da Justiça Federal do Paraná que deu origem à ação desta sexta-feira (17) e foi dada pela médica veterinária Joyce Igarashi Camilo, veterinária responsável pela empresa Peccin, do , em 2014.

De acordo com Joyce, “a PECCIN também comprava notas fiscais falsas de produtos com SIF (Serviço de Inspeção Federal) para justificar as compras de carne podre, e utilizava ácido ascórbico para maquiar as carnes estragadas”.

Também conforme a decisão da JF, a então auxiliar de inspeção da Peccin, entre agosto de 2013 e setembro de 2014, Daiane Marcela Maciel, atestou a existência de diversas irregularidades na empresa, “como a utilização de quantidades de carne muito menor do que a necessária na produção de seus produtos, complementados com outras substâncias, a utilização de carnes estragadas na composição de salsichas e linguiças, a ‘maquiagem’ de carnes estragadas com a substância cancerígena ácido ascórbico, carnes sem rotulagem e sem refrigeração, além da falsificação de notas de compra de carne”.

No entanto, a funcionária teria sido orientada pela sócia da empresa de nome NAIR a não dizer sobre isso ao fiscal responsável pela vistoria. Daiane relatou ter ouvido “ainda, o irmão do dono da empresa, Normélio Peccin, incomodado com a fiscalização desenvolvida por Daniel Teixeira, dizer que ‘colocaria uma bala na cabeça desse vagabundo’.

A decisão também indica uma conversa suspeita entre sócios Idair e Nair Peccin, donos do frigorífico. Eles são acusados de usar “carne de cabeça de porco, sabidamente proibida, na composição de embutidos” e, “mesmo cientes da proibição de utilização de carne de cabeça na linguiça, IDAIR ordena que sejam comprados 2.000 quilos do produto para a fabricação de linguiças”.

Em um dos áudios gravados com autorização judicial, um dos donos da empresa, Idair Antônio Piccin, conversa com a mulher dele, Nair Klein Piccin, sobre o uso de carne proibida em lotes de linguiça. Os dois tiveram pedidos de prisão preventiva decretada pela Justiça.

 

Idair – Você ligou?

Nair – Eu, sim eu liguei. Sabe aquele de cima lá, de Xanxerê?

Idair – É.

Nair – Ele quer te mandar 2000 quilos de carne de cabeça. Conhece carne de cabeça?

Idair – É de cabeça de porco, sei o que que é. E daí?

Nair – Ele vendia a 5, mas daí ele deixa a 4,80 para você conhecer, para fechar carga

Idair – Tá bom, mas vamos usar no que?

Nair – Não sei

Idair – Aí que vem a pergunta né? Vamo usar na calabresa , mas aí, é massa fina é? A calabresa já está saturada de massa fina. É pura massa fina

Nair – Tá

Idair – Vamos botar no que?

Nair – Não vamos pegar então?

Idair – Ah, manda vir 2000 quilos e botamos na linguiça ali, frescal, moída fina

Nair – Na linguiça?

Idair – Mas é proibido usar carne de cabeça na linguiça

Nair – Tá, seria só 2000 quilos para fechar a carga. Depois da outra vez dá para pegar um pouco de toucinho, mas por enquanto ainda tem toucinho (ininteligível).

 

Em outro áudio, Paulo Rogério Sposito, dono do Frigorífico Larissa, de Mauá, em , orienta um funcionário a trocar as etiquetas das datas de validade dos produtos.

Segundo a polícia, os dois aparentam se aproveitar da ausência do fiscal do Mapa, citado como “filho da p*”, que está de folga. Sposito também é alvo de um dos mandados de prisão preventiva da operação.

 

Funcionário: Paulinho…

Paulo: Eu…

Funcionário: Deixa eu te falar uma coisa… Podia programar pra semana que vem, a gente trazer aquela mercadoria lá pra trocar as etiquetas né meu véi…

Paulo: Pode…pode sim

Funcionário: Já que num vai ter…né…já que nós vamo tá parado aqui.

Paulo: Primeira carreta que voltar de são paulo vazia passar lá e pega.

Funcionário: É isso aí… Ai nós já arruma…tem o que? Duas carreta lá ainda?

Paulo: De verdade eu não sei quanto tem lá no estoque não

Funcionário – (…) Nós já arrumava tudo aquele trem, deixava no jeito. O homem tá de férias né. Num ta aqui..

Paulo – Ah , esse filho da p* tá de férias é?

Funcionário – Agora era…hora boa de nós…

Paulo – Agora era…

 

A operação envolve grandes empresas, como a BRF Brasil, que controla marcas como Sadia e Perdigão, e também a JBS, que detém Friboi, Seara, Swift, entre outras marcas, mas também frigoríficos menores, como o Peccin, do Paraná.

A operação Carne Fraca tem o objetivo de desarticular um grupo liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio, que apura o envolvimento de fiscais num esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.

Ao todo, foram expedidos 309 mandados judiciais, entre eles, 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária e 77 de condução coercitiva.

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