Dois dos 26 detentos foram mortos a tiros, diz laudo sobre Alcaçuz
Apenas 22 foram identificados até o momento
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Apenas 22 foram identificados até o momento
Dois dos 26 detentos vítimas da matança na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, ocorrida entre os dias 14 e 15 passados, foram mortos com tiros. É o que diz o laudo da causa das mortes divulgado pelo Itep (Instituto Técnico-Científico de Perícia). 15 foram decapitados, conforme divulgou o Itep em 16 de janeiro. Outros foram mortos degolamento, perfurações ou sangraram até a morte. Três não identificados foram queimados vivos.
Jefferson Pedroza Cardozo e George Santos de Lima Júnior foram presos por roubo e estavam em Alcaçuz. De acordo com o laudo, os dois foram mortos por “anemia aguda devido hemorragia interna, devido a ferimentos produzidos por projéteis de arma de fogo tipo balim”. Durante revistas realizadas neste domingo (29), agentes encontraram três revólveres, uma pistola, uma mini pistola e ainda três espingardas calibre 12 feitas artesanalmente pelos próprios presos.
Dos outros 24 detentos, 11 foram mortos por perfurações, sete foram mortos sendo decapitados, três por esgorjamento – perfuração no pescoço – e três foram queimados ainda com vida. Até o momento, 22 corpos tiveram suas identidades reveladas. A identificação dos três presos carbonizados só poderá ser feita através de exames de DNA, que são feitos em outro estado, de acordo com o Itep.
Decapitações e esquartejamentos
As decapitações e esquartejamentos de presos durante a rebelião registrada no sábado (14) dificultaram a identificação dos corpos e alguns foram liberados para as famílias sem cabeça. Até o momento, 26 cadáveres foram encontrados em Alcaçuz, mas no sábado (21), cinco partes de corpos de presos assassinados durante as rebeliões foram encontradas. De acordo com a direção do Itep, em um mato próximo a um dos muros da unidade, foram encontradas duas cabeças, um antebraço, um braço e uma perna.
Armas brancas
Mais de 500 armas brancas foram encontradas por homens do GOE (Grupo de Operações Especiais) do governo do Rio Grande do Norte e agentes federais de execução penal da força-tarefa durante uma operação nos pavilhões 4 e 5 na última sexta-feira (27). Os agentes apreenderam tesouras, facas, facões e barras de ferro que foram usadas pelos detentos como armas.
Condenações
Dos 22 identificados, 14 cumpriam pena por roubo ou furto. Seis mortos eram condenados por tráfico de drogas ou associação para o tráfico. Cinco respondiam por homicídio ou latrocínio. Dois deles estavam presos por tentativa de roubo. E outros dois, por porte ilegal de arma de fogo. Um detento respondia por corrupção de vulnerável. E um último era condenado por uma tentativa de latrocínio. O número de crimes elencados – 31 – supera os 26 mortos porque há detentos que estavam condenados por mais de um crime.
Pelo menos 109 detentos do pavilhão 5 da Penitenciária Estadual de Alcaçuz terão suas penas aumentadas. Os presos foram ouvidos neste sábado (28) e, de acordo com a Polícia Civil, serão autuados de acordo com suas responsabilidades por posse de arma de fogo, posse de drogas, dano qualificado, apologia ao crime, associação criminosa ou motim.
Campo de batalha
O espaço que liga os pavilhões é ocupado por duas facções rivais, Sindicato do RN e Primeiro Comando da Capital (PCC).Para evitar que os membros das facções circulem livremente pelos pavilhões após mortes no local, contêineres foram instalados para separar os pavilhões 4 e 5 (do PCC) dos pavilhões 1, 2 e 3 (do Sindicato do RN). Os contêineres serão substituídos por um muro de concreto. A Penitenciária de Alcaçuz deve ser desativada ainda este ano.
Operação Phoenix
A operação marca o início da ação da força-tarefa de agentes federais de execução penal criada pelo Ministério da Justiça em meio à série de rebeliões e mortes ocorridas em prisões brasileiras. Um grupo de 78 profissionais chegou ao Rio Grande na noite da última quarta.
Os agentes, de outros estados, têm treinamento especial para atuação em casos específicos como rebeliões, controle da população carcerária e intervenção em unidades prisionais. O trabalho desses profissionais é acompanhado pelo Departamento Penitenciário Nacional.
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