Em 2010, cartas chegaram ao Rio quando o traficante estava em

Classificado pela Justiça como criminoso reincidente, o detento Luiz Fernando da Costa, 50, conhecido pelo apelido de , completa nesta terça-feira (18) exatos 11 anos cumprindo pena no sistema penitenciário federal. Mesmo preso e condenado em 2008 pelo juiz Sérgio Moro, por comandar uma quadrilha de tráfico de drogas a partir de sua cela, o custodiado voltou a ser flagrado liderando um esquema idêntico em outra penitenciária federal, em maio de 2017.

Conforme reportagem da Uol, o MPF (Ministério Público Federal) explica que o esquema usado por Beira-Mar é o de bilhetes em linguagem cifrada e que com o tempo foi se sofisticando até a criação de um ‘setor' para digitação dos bilhetes, na organização criminosa. Os códigos a serem usados também foram enviados por Beira-Mar como, por exemplo, o café, que significa maconha, e Cidade do Hino, que se refere ao Paraguai.  

Em 2015, no Presídio de Porto Velho, ordem para compra de celulares em um bilhete criptografado, encontrado por agentes penitenciários deu início a uma nova investigação e, em 24 de maio de 2017, a deflagração da Operação Epístolas, da PF (Polícia Federal), que apurou que o novo esquema de Beira-Mar chegou a movimentar R$ 9 milhões nos últimos 15 meses, prendeu 24 pessoas, incluindo uma irmã do traficante.

Separadas por uma década, as operações Fênix e Epístolas demonstraram que Beira-Mar, um dos chefes da facção Comando Vermelho, burlou a vigilância federal, utilizando-se das visitas recebidas por ele e por outros presos nos presídios de Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).

Condenado por Moro em 2008, Beira-Mar nunca parou de chefiar tráfico a partir de sua cela

Deflagrada em novembro de 2007, a Operação Fênix concluiu também que, além de comprar fazendas e gado, Beira-Mar lavou dinheiro do tráfico investindo em diversas empresas, inclusive uma de lava a jato.  Em 25 de agosto de 2008, o juiz Sergio Moro condenou Beira-Mar a 29 anos e oito meses de prisão em regime fechado pelos crimes de tráfico de drogas e de armas, além de lavagem de dinheiro.

Campo Grande

Beira-Mar, então, foi transferido para o presídio federal de Campo Grande (MS) e em 2010, a Polícia Civil do Rio afirmou ter encontrado cartas que seriam do traficante no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio. Dois anos depois, ele foi novamente transferido para o presídio federal de Porto Velho (RO).

Suspensão de visitas

A operação Epístolas também foi uma das razões citadas pelo Depen (Departamento Penitenciário Nacional), órgão do Ministério da Justiça, para suspender as visitas íntimas e sociais nos presídios federais. A medida tem validade até o dia 28 de julho.

Defesa de Beira-Mar afirmou, ao Uol, que nem todas as informações divulgadas sobre a Operação Epístolas são verdadeiras “Aplica-se a Beira-Mar o direito penal do inimigo, sem direito a qualquer garantia fundamental, afinal este foi transformado em figura folclórica. Então, para ele, legislação de vigência não se aplica”, afirmaram, em nota, as advogadas Verena Cerqueira e Paloma Gurgel.

Atualmente ele está na unidade prisional de Mossoró (RN).