Formação superior nem sempre é adequada à realidade, entretanto

Os professores da educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental que lecionam na rede pública têm melhor formação teórica do que seus colegas da rede privada. Tanto quando se compara o número de docentes com formação superior empregado nas duas áreas, quando se faz o comparativo da adequação dos currículos desses profissionais à lei. As informações são de uma pesquisa da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Os dados de 2014 apontam que 80% dos professores de ensino infantil da rede pública possuíam formação completa em curso de nível superior, e 50% formação completa em curso de pedagogia. Esses percentuais caíram para 65,6% e 32,8% na rede privada. Essa diferença se repete no perfil dos professores dos primeiros anos ensino fundamental.

A pesquisa alerta entretanto que a adequação do currículo à lei e a formação universitária regular não são garantias de qualidade. O excesso de teoria universitária nem sempre se adéqua à realidade das escolas.

“Quem fez pedagogia no país estudou sobre educação, mas não é um profissional preparado para enfrentar a sala de aula. O mesmo vale para as licenciaturas”, diz Alejandra Velasco, superintendente da FGV. Segundo Beatriz Ferraz, gerente de educação infantil da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, os cursos de pedagogia no país têm pouca proximidade com as necessidades das creches e pré-escolas.

Nos dois ciclos mais avançados – últimos anos do fundamental e médio –, os indicadores de formação de professores tendem a ser melhores nas privadas, mas as públicas não ficam muito atrás. Outro dado mostra que em todas as etapas da educação, em ambas as redes, a qualificação dos professores aumentou nos últimos anos.